sábado, 26 de novembro de 2011

• Igreja Gloriosa, Santa e Sem Defeito

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra.
Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado.
Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Deus estava irado, e com muita razão. Menos de seis semanas antes, o povo recém-redimido lhe havia prometido fidelidade e afirmado a intenção de obedecer aos seus mandamentos. Agora, porém, haviam desprezado a graça divina, flagrantemente violando a primeira e mais fundamental de suas leis.

Só a intercessão fervorosa de Moisés, seu servo, deteve a mão de Deus e impediu-o de destruir a congregação inteira em um instante.

Com o afastamento de um juízo final e cataclísmico, Deus passou a dar instruções a Moisés para que ele pudesse conduzir o povo até a Terra Prometida. Prometeu-lhe que a nação seria sustentada por ele e protegida por ele. Um anjo seria destacado para mostrar o caminho. O próprio Deus, porém, não iria com eles, “para que te não consuma eu no caminho” (Êx 33.3).

Porém, mesmo com o misericordioso perdão de Deus e de sua graciosa oferta, Moisés não ficou satisfeito. Continuou insistindo: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar” (v.15). Em outras palavras: “Deus, se tu não fores conosco, nós não vamos sair daqui!”

O líder desesperado prosseguiu em sua oração, explicando para Deus que a presença dele era a única coisa que pudesse separar seu povo de todos os outros que havia no mundo. Na ausência da presença de Deus, nada mais serviria para distingui-los de qualquer outra pessoa.

Por que a presença de Deus não poderia mais acompanhá-los? A explicação é simples: Deus é santo. Sua presença não pode coexistir com um povo que não é santo.

Foi por isso que, 40 anos mais tarde, quando o povo se preparava para entrar em Canaã, Moisés advertiu: “Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meio do teu acampamento...; portanto, o teu acampamento será santo, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti” (Dt 23.14).

O profeta Habacuque afirmou com reverência: “Não és tu desde a eternidade, ó Senhor, meu Deus, ó meu Santo? [...] Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar” (Hc 1.12-13).
Os israelitas do Velho Testamento foram lembrados muitas vezes desse fato. No incidente do bezerro de ouro, mais de 3 mil pessoas perderam a vida por causa do pecado da nação (Êx 32.25-28). Por quê? Porque Deus é santo.

No caminho de Sinai para Cades-Barneia, o fogo de Deus consumiu muitos que o desagradaram com suas murmurações e reclamações (Nm 11.1-3). Por quê? Porque Deus é santo.

Pouco tempo depois, uma geração inteira foi condenada a morrer no deserto (Nm 14.26-35). Por que razão? Porque Deus é santo e não pôde ignorar seu pecado de incredulidade.

Quando 250 líderes da nação iniciaram uma revolta contra Moisés, a terra abriu sua boca e engoliu o cabeça do levante, enquanto os demais foram destruídos por fogo (Nm 16.1-35). Por quê? Porque Deus é santo.

Muitos anos depois, Deus revelou a Ezequiel por que era justo ele ter enviado a nação para o cativeiro. Numa visão, o homem de Deus foi transportado, não para o distrito de prostituição, não para as tabernas ou alguma sede do governo, mas para o templo em Jerusalém. Desde o átrio exterior até o Santíssimo Lugar, idolatria e sensualidade estavam por toda parte.

Deus disse para o profeta: “Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?” (Ez 8.6).

Quando Deus proclamou juízo sobre a nação apóstata, ele disse aos que foram encarregados de executar a sentença: “... começai pelo meu santuário” (Ez 9.6).

Talvez, Pedro estivesse se lembrando dessas palavras quando escreveu à igreja no Novo Testamento: “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada” (1 Pe 4.17).

Veja bem: Deus não está menos comprometido com santidade no Corpo de Cristo agora do que estava quando lidava com a nação de Israel. A palavra santo é usada nada menos do que 30 vezes no Velho Testamento, só para se referir ao tabernáculo em que a glória de Deus habitava. Cada peça dos móveis e utensílios teria de ser santa – purificada e consagrada para o uso de Deus. Os sacerdotes tinham de ser santos. Até suas roupas tinham de ser santas.

Quanto mais devemos nós ser santos, pois estamos sendo “juntamente... edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2.22). “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16).
Vamos considerar, resumidamente, cinco questões em relação ao nosso chamado para ser um templo santo para o Senhor.

Por que a Igreja deve ser santa?

Devemos ser santos porque somos a habitação de um Deus santo. Um templo que não é santo não é um lugar adequado para o nosso Deus.

Devemos ser santos porque fomos comprados e lavados por um Salvador santo. Não pertencemos a nós mesmos. Fomos comprados com o preço infinito do sangue e da vida dele.

Devemos ser santos porque fomos justificados com o objetivo de sermos santificados. Cristo “amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra...” (Ef 5.25-26).

Ser santo é nossa vocação. O propósito de Deus para a Igreja não é que ela tenha miríades de programas, grandes orçamentos nem que seja capaz de fazer as pessoas se sentirem bem. Seu propósito é tornar-nos santos.
Devemos ser santos, porque somos a Noiva de Cristo. Paulo escreveu à igreja carnal em Corinto: “Porque zelo [sentido original: tenho ciúme] por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Co 11.2).

Fomos comprometidos em casamento a um Cristo santo. Assim como o vestido branco da noiva representa a mulher que se guardou em castidade e pureza para seu noivo, nosso anseio é estar diante dele um dia vestidos de branco. Poder fazer isso nos trará incalculável alegria.

“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19.7,8). Nossa castidade como Noiva, comprometida a ele aqui na Terra, é motivada por nossa expectativa da gloriosa consumação do nosso amor por ele na eternidade.

O que significa ser santo?

Ser uma Noiva santa significa ser puro em todo o nosso ser. Sem dúvida, inclui ser irrepreensível em todas as questões que são visíveis aos outros: na conduta, na conversa, no modo de se vestir, nos hábitos e no estilo de vida.

A santidade é bem mais profunda, porém, do que aquilo que pode ser avaliado pelos homens. A verdadeira santidade é produzida no coração do cristão, pelo Espírito Santo que habita nele. Significa ser puro no interior, onde somente Deus consegue ver. Significa ter somente atitudes, valores, pensamentos e motivações que sejam santos. Ser santo é ser como Jesus: “… santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7.26). É ser sem mácula, sem fingimento, sem qualquer espécie de falsidade ou engano.

Infelizmente, a Igreja tem se avaliado de acordo com os padrões do mundo e tem se contentado em ser “relativamente” santa. Em outras palavras, em comparação com a sociedade em geral, consideramos que estamos razoavelmente bem. Entretanto, não existe santidade “relativa”. Não dá para ter só um determinado grau de santidade. Ou a Igreja é santa ou está contaminada.

Paulo queria que os coríntios fossem diligentes e exaustivos na eliminação de todo o fermento da igreja. Nas Escrituras, fermento geralmente é uma figura de pecado, de algo que contamina. “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (1 Co 5.6). Não se pode permitir que qualquer coisa impura venha macular a casa do Deus santo.

Como C. H. Spurgeon afirmou com tanta clareza: “Não temos necessidade alguma de temer excessiva rigidez na eliminação do pecado. Com o mesmo zelo do israelita que expurgava todo o fermento de sua casa [em preparação para a Páscoa], nós devemos nos livrar de todo pecado da nossa vida, conduta e conversa.”

Quais são as coisas que contaminam o Templo de Deus?

Podemos dizer, com toda propriedade, que qualquer desvio do caráter santo de Deus, qualquer violação de sua santa Palavra contamina o Corpo de Cristo. Porém, as Escrituras destacam vários pecados específicos que entristecem mais o Espírito de Deus.

No Velho Testamento, houve diversas ocasiões em que Deus julgou seu povo pelos pecados de idolatria, murmuração, descontentamento, cobiça, incredulidade e rebeldia contra autoridades designadas por Deus. Quer o pecado fosse cometido por um líder, um indivíduo ou pela congregação inteira, um preço elevado sempre era exigido quando se contaminava a nação à qual Deus confiara sua glória. “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa...” (1 Co 10.11).

O apóstolo Paulo escrevia frequentemente para as igrejas no Novo Testamento sobre diversos pecados que contaminavam o Corpo. Advertia-as para que eliminassem qualquer coisa que pudesse ofender um Deus santo e entristecer seu Espírito Santo.

Por exemplo, impureza doutrinária de toda espécie era perigosa e não podia ser tolerada. Paulo sabia que, em última análise, a doutrina determina a prática; doutrina falsa inevitavelmente resulta em práticas erradas. Ele ensinava que as pessoas encarregadas da liderança espiritual da igreja possuem uma imensa responsabilidade para proteger os cristãos de ensinamentos ou filosofias que não são bíblicas.

Paulo também tratou da questão de conduta inapropriada na igreja. Quer no exercício de dons espirituais, quer no papel de mulheres em cultos públicos ou, ainda, no caso de cristãos que se recusavam a trabalhar e ainda esperavam que a igreja suprisse suas necessidades materiais, o Corpo inteiro era afetado quando se deixava de seguir o padrão divino.

Em diversas ocasiões, Paulo expressava grande preocupação por causa de membros contenciosos que eram culpados de criar divisões no Corpo. Esses cismas eram, invariavelmente, uma evidência de orgulho. Ele repreendia aqueles que queriam fazer de suas preferências padrões absolutos, como também os que exaltavam meros homens acima do senhorio de Cristo, o Cabeça da Igreja. Aqueles que ameaçavam a unidade da Igreja estavam, na verdade, destruindo o Corpo que pertence ao próprio Cristo.

Paulo usava advertências especialmente severas quando se tratava de tolerar impureza moral na igreja. Ele ficou estarrecido ao tomar conhecimento que alguém que se dizia cristão, na igreja em Corinto, estava envolvido num relacionamento incestuoso. Porém, ao invés de confrontar diretamente a pessoa em pecado, Paulo repreendeu duramente a igreja por não ter tratado do assunto.

É bem provável que os crentes em Corinto tivessem adotado a filosofia tão prevalecente nas igrejas hoje: “Não é minha responsabilidade... Eu não sou a pessoa culpada... Tenho certeza de que ele não teria me ouvido se eu tivesse tentado dizer alguma coisa... Provavelmente seria melhor se outra pessoa conversasse com ele... Além do mais, realmente não é da minha conta...”

Com certeza, eles não estavam percebendo o quanto o Corpo inteiro estava sendo afetado pelo pecado de um membro não arrependido. Possivelmente, alguns estivessem até encobrindo algum pecado particular em sua própria vida, o que lhes tornava mais difícil confrontar o pecado de outra pessoa. Seja como for, estavam mantendo as atividades da igreja normalmente, como se não houvesse nada de anormal, inconscientes da infecção sutil que estava se alastrando no Corpo inteiro por causa do pecado não confessado de um homem. Era imperativo, insistia Paulo, que essa questão fosse tratada de maneira rápida e meticulosa.

Paulo enfatizou, muitas vezes, a necessidade de ter absoluta pureza moral na Igreja de Jesus Cristo, que entregou a própria vida para santificá-la. “Mas a prostituição e todo tipo de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionados entre vós, como convém a santos, nem haja indecências, nem conversas tolas, nem gracejos obscenos... Pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que eles [as pessoas não regeneradas] fazem às escondidas” (Ef 5.3-4,12). O que ele está dizendo? “Vocês são santos! Portanto, vivam como santos! Não permitam que pecado algum, por menor que seja, contamine o templo de Deus.”

Quais são as consequências da falta de santidade na Igreja?

Uma igreja que não é santa vai perder o senso da presença de Deus, e isso destrói sua capacidade de experimentar comunhão com ele. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). “Segui ...a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Um pregador de santidade, em outra época, lembrou seus ouvintes que “a comunhão do Céu não pode ser experimentada onde o fermento do inferno é tolerado”.

Uma igreja sem santidade é uma igreja impotente. O pecado que não for tratado como Deus exige privará a igreja do poder sobrenatural que o Espírito opera em seu favor. Na véspera da passagem pelo rio Jordão para entrar na Terra Prometida, Josué não convocou uma reunião do Conselho para determinar a melhor estratégia para chegar ao outro lado. Ele não programou uma apresentação de cantor popular para animar o povo para o desafio do dia seguinte. Nem mesmo chamou uma reunião de oração. Pelo contrário, exortou a todos: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). Somente a indisposição de abandonar todo pecado conhecido poderia limitar a poderosa mão de Deus.

Uma igreja sem santidade perde seu testemunho, sua marca característica no mundo. Quando Deus falou com Moisés que a nação rebelde teria de entrar na Terra Prometida sem a presença dele, Moisés protestou: “Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Êx 33.16).

Sem santidade genuína e prática, não podemos experimentar a presença manifesta e a glória de Deus no nosso meio. E sem a sua presença, não temos nenhuma diferença essencial de qualquer clube social ou instituição religiosa.

Jesus advertiu a igreja de Éfeso que havia se afastado do seu primeiro amor: “... e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5). A igreja que trocou valores eternos e celestiais pelas coisas deste mundo e que se recusa a arrepender-se do seu pecado contra o Senhor da igreja poderá ter sua luz apagada e não ser mais capaz de atrair as pessoas a Cristo.

A Palavra de Deus promete que haverá uma consequência especialmente severa para os indivíduos que forem responsáveis por contaminar sua igreja. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co 3.17).

Deus leva a sério a pureza do seu templo, e aqueles que ousam promover ou tolerar elementos de contaminação no Corpo de Cristo terão de pagar um alto preço por isso. Na verdade, a igreja inteira paga o preço quando não mantém santidade coletiva.

Como se pode manter a pureza no Corpo de Cristo?

Há responsabilidade pessoal e coletiva para a preservação da pureza da igreja.

Em 1 Coríntios 11, Paulo trata com a necessidade de cada cristão individual ser purificado de todo pecado conhecido. Primeiro, ele nos exorta a examinar a nós mesmos (v.28). Compare sua vida honesta e humildemente ao padrão imutável e absoluto das Escrituras e ao coração e vida de Jesus. Seja meticuloso. Não permita que um pecado sequer, por menor que seja, escape ao escrutínio da santidade de Deus e do holofote do seu Espírito.

Em seguida, Paulo nos instrui a julgar a nós mesmos (v.31). Concorde com Deus que todo pecado é um grande ato de rebeldia contra o Senhor do universo. Reconheça a seriedade de cada pensamento, palavra ou ação impura. E seja rápido para arrepender-se do pecado, colocando-o debaixo do sangue de Cristo e renunciando e abandonando-o totalmente.

Entretanto, não é suficiente tratar somente com os pecados pessoais. Carregamos, também, uma enorme responsabilidade de ajudar a preservar a santidade na igreja. Somos todos membros de um Corpo. Quando um membro peca, todos carregamos o fardo e a vergonha do seu fracasso. Não podemos ignorar aqueles que violam o padrão da justiça de Deus. Por outro lado, não devemos atacar e destruir as pessoas que estão caídas. O que devemos fazer, então? Paulo nos dá a resposta.

Primeiro, devemos restaurar o irmão que ofendeu, usando os passos bíblicos de disciplina. Esse processo requer que repreendamos ou corrijamos o irmão com amor e humildade (Gl 6.1; Mt 18.15). Isso significa que devemos mostrar à pessoa como sua conduta não atinge o padrão da santidade de Deus e da sua Palavra.
Se necessário, outras pessoas podem ser chamadas para confrontá-lo como grupo. E, como recurso final, pode ser que ele tenha de ser levado diante de toda a congregação.

Indiferente do que for necessário em cada situação, o importante é lembrar sempre que o objetivo não é punir o ofensor, mas restaurá-lo à obediência e manter a santidade no Corpo. Por meio da oração, em resposta a uma repreensão sábia, feita em amor, os olhos dele poderão ser abertos, levando-o ao verdadeiro arrependimento.

Quando isso acontece, mesmo que haja necessidade de um período de restauração, e ainda que seu ministério futuro possa ser limitado (dependendo na natureza do pecado), o Corpo terá todo o prazer em “perdoar-lhe e confortá-lo” e em “confirmar para com ele” o seu amor (2 Co 2.7-8). Em outras palavras, o Corpo deve continuar provando seu amor para ele, caminhando ao seu lado por todo o processo até chegar à completa restauração.

E o que acontece se o ofensor não se arrepende quando é corrigido? É nesse ponto que a igreja, muitas vezes, se omite em relação às instruções da Palavra de Deus, trazendo consequências trágicas para o Corpo inteiro. Quando escreveu à igreja em Corinto sobre o homem incestuoso, Paulo deixou claro que o membro do Corpo que não se dispõe a arrepender-se e a abandonar o pecado deve ser removido da comunhão, para não contaminar a igreja (1 Co 5.7,13). Não se pode permitir que ele continue a desfrutar dos benefícios e privilégios da comunhão com o povo de Deus.

Por mais que isso pareça severo ou exagerado a alguns, Paulo mostrou que tal atitude é a que mais beneficia, na verdade, tanto o pecador, que pode ser motivado a arrepender-se, quanto da igreja, que será preservada de contaminação espiritual.

De modo geral, a igreja das últimas décadas não se tem mostrado disposta a assumir responsabilidade por tratar com o pecado no meio dela. O caminho mais fácil é simplesmente deixar essas coisas de lado. Envolver-se no processo de disciplina e restauração requer tempo, esforço e energia. Requer que tenhamos disposição de abandonar todo pecado conhecido na nossa própria vida. Geralmente, esse não é o caminho mais fácil nem o mais conveniente. Porém, é o caminho do verdadeiro amor. É o caminho da santidade. É o caminho de Deus.

Alguns gostam de se apegar ao texto: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1), como desculpa para deixar de se envolver na restauração de irmãos caídos. Mas a Palavra de Deus ensina claramente que devemos julgar “os de dentro” (1 Co 5.12), ou seja, os que fazem parte do Corpo de Cristo. Pureza na igreja é a responsabilidade de todo cristão. “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (v.13). “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa” (v.7).

Em seu poderoso sermão sobre esse texto, C. H. Spurgeon conclamou a Igreja de Jesus Cristo a fazer tudo o que fosse necessário para preservar a pureza:
Quando se toleram impurezas na igreja, logo as pessoas começam a dar desculpas pelo pecado, depois a liberá-lo plenamente e, finalmente, a permitir que se introduzam outros pecados ainda piores. O pecado é como uma embalagem de mercadorias que chegou do Oriente a esta cidade, em tempos antigos, trazendo no seu conteúdo a peste. Provavelmente, era uma embalagem pequena, mas trazia contaminação letal e morte para centenas de habitantes em Londres. Um pequeno trapo, naquela época, podia levar infecção a uma cidade inteira.

Da mesma forma, se você permite, conscientemente, que um pecado continue dentro da igreja, ninguém conseguirá avaliar a extensão final do dano a ser causado por aquele mal. A igreja, portanto, precisa ser purificada de todo o mal, com a máxima diligência possível. Qualquer elemento azedo ou corrompido, qualquer coisa abominada por Deus precisa ser expurgada. É responsabilidade do ministro cristão e de todos os seus colaboradores manter a igreja livre de todo e qualquer elemento de contaminação.

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra. Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado. Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Portanto, tenhamos empenho em nos arrumar para o casamento com o Cordeiro, a fim de podermos estar “vestidos de linho finíssimo, resplandecente e puro” (Ap 19.8) e de sermos apresentados a ele como “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27).
Publicado originalmente por Life Action Ministries. Usado com permissão.
por Del Fehsenfeld, Jr.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Impacto Profundo!

Por: Luiz Montanini

“História dos 40 anos de trabalho, somada à do avivamento em Rubiataba na década de 70 e aos testemunhos de alguns líderes do Brasil, mostra os benefícios e efeitos que o ministério da família Walker e de simpatizantes produziram e produzem nesta geração.”

Nem bem amanheceu o dia, e o jovem Robert Walker, o primogênito dos homens, arreou o cavalo, atrelou-o à carroça cheia de hortaliças fresquinhas que acabara de colher e partiu da propriedade rural para o centro da pequena cidade, ali perto, para oferecer sua mercadoria de porta em porta. Antes do meio-dia, ainda daria tempo de pegar alguns mantimentos para a família de oito americanos recém-chegada a um novo e promissor território.

Quem imaginou a cena acontecendo no Arizona ou no Tennessee, por volta de 1878, enganou-se, e aqui vão três dicas para que o leitor descubra de que país estamos falando: primeira, o nome da cidade visitada é Rubiataba.

Se ainda parece difícil – afinal, Rubiataba pode ser nome de tudo, até de cidade americana –, vamos diretamente às outras duas dicas, porque temos coisas mais importantes a dizer: o cavalo atendia por Mandão, nome apropriado e bem brasileiro, como se sabe, e o território (o estado, no caso) é Goiás.

Pois foi exatamente naqueles confins da Terra, em Rubiataba, a 243 km de Goiânia (na época, a distância parecia três ou quatro vezes maior, de tão precários os transportes, estradas e acessos), que, em janeiro de 1968, a família do casal John e Ruth Walker fixou residência, complementada pelos filhos Katharine, Robert, Christopher, Harold, Peter e pelo caçula Thomas, então bem jovens.

Mas que raios uma família de americanos viera fazer naquele fim de mundo, naquela época e naquelas condições tão difíceis e precárias? (Ainda mais diante do fato de que haviam entrado no país com vistos de simples imigrantes, carimbados quatro anos antes, em fevereiro de 1964, quando se instalaram provisoriamente em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte, onde permaneceram até se mudarem para a isolada e desconhecida Rubiataba, no centro geográfico do país.)

Hoje, 47 anos depois, muitos integrantes da comunidade cristã brasileira guardam no depósito do próprio coração e em frutos espirituais amadurecidos ao longo destas quase cinco décadas uma nova visão para a igreja brasileira – esta, aliás, o motivo do êxodo da família dos EUA. Uma visão que vem sendo revelada, compilada, e divulgada há quase 40 anos, desde o ano de 1972, quando a família Walker, como ficou conhecida, passou a produzir e replicar, de forma artesanal, folhas grampeadas, apostilas e livretos com escritos próprios e de outros homens de Deus. Alguns desses materiais foram fruto de seminários realizados na própria Rubiataba e que atraíam líderes de todo o país, enquanto outros vieram de contatos com pessoas no mundo todo, com cujas palavras proféticas se identificavam.

Essência Antes da Aparência

Neste ano de 2011, sem John Walker entre nós, que escolheu, por assim dizer, a melhor parte e está, desde janeiro de 2007, no seio de Abraão, o ministério iniciado pela família Walker em 1972 está perto de completar 40 anos. Continua sem fins lucrativos, mas já não é tão artesanal. Está mudado para melhor na aparência, mas procura se manter simples e relevante na essência.

Possui duas estruturas principais, uma em Americana – onde está instalada a Impacto Publicações, que publica a revista Impacto e o jornal O Arauto da Sua Vinda – e outra na Chácara Peniel em Monte Mor, que recebe alunos de todo o país para cursos de preparação profética e reuniões de ministério ao Senhor, consulta na Palavra e comunhão.

O trabalho hoje inclui ainda: uma escola em Jundiaí de Educação Infantil e de Ensino Fundamental e Médio, que existe há 23 anos e já promoveu onze encontros anuais de atualização e visão pedagógica cristã com educadores de vários estados; parcerias com igrejas e grupos em várias partes do Brasil – cujos nomes não citarei para não correr o risco de esquecer alguém; encontros em alguns locais, como no sítio Vale da Águia, em Sorocaba, da comunhão de grupos à qual pertence Pedro Arruda, um dos integrantes do ministério Impacto; cursos extensivos de preparação profética, como o realizado em Baixa Grande, na Bahia, além de visitas no mesmo tom a diversas igrejas país afora.

O ministério Impacto, como o chamaremos aqui, não possui uma estrutura formal ou administrativa. É conduzido por dois grupos interligados de irmãos que formam uma espécie de conselho deliberativo. Um deles é o conselho editorial da revista (cujos nomes aparecem na página 3) e inclui, além dos dois membros da família mais ativos na área de publicações, Christopher e Harold, vários integrantes que moram em cidades próximas a Americana. O outro é um grupo de relacionamento ministerial que se reúne regularmente para orar e definir os rumos e os próximos passos do serviço voluntário prestado a Deus e à igreja brasileira. É constituído por alguns membros do conselho editorial, mas conta também com várias pessoas que não estão envolvidas diretamente no trabalho da editora.

Enfrentando a Vida em Condições Primitivas

A Rubiataba do início da década de 70 apresentava o seguinte cenário: nas ruas sem asfalto, carroças e carros de bois circulavam livremente entre alguns poucos caminhões de gado, ônibus e fuscas. Movimento maior – principalmente de caminhões – só se via na Rodovia Belém-Brasília, que passava a cerca de 30 quilômetros longe da cidade e que, inicialmente, também não era asfaltada.

As viagens – na maioria para Anápolis e Goiânia – eram feitas de ônibus pinga-pinga, por horas e horas em estradas de terra, passando por algumas vilas que nem sequer existiam no mapa: Ipiranga, Nova Glória, Jardim Paulista, Rianápolis, Jaranápolis.

A família instalou-se e viveu durante anos em uma chácara sem água encanada, sem eletricidade, sem fogão a gás, sem geladeira e sem carro. Os rapazes (especialmente Robert, Harold e, mais tarde, Thomas) plantaram uma grande horta durante anos para consumo próprio da família e cujo excedente era vendido todas as manhãs, de carroça, na cidade.

Porém, plantar, comer e vender verduras e frutas, ainda que fosse bom, não era exatamente o motivo da migração da família para Rubiataba. Estimulados pelo pai, John Walker, eles queriam cumprir o chamado para o Brasil. Começaram obedecendo ao mais simples e, paradoxalmente, mais difícil dos mandamentos: evangelizar a cidade e os distritos próximos.

Pregação Nas Ruas, Igreja Nas Casas e Batismos No Córrego

Depois da chegada a Rubiataba, em janeiro de 1968, a família passou por uma porção de dificuldades naturais, inclusive por doenças, a ponto de quase todos os oito membros da família pegarem hepatite.

Mas, um ano depois, o ânimo dos irmãos retornou com a chegada de três famílias e mais uma viúva com os filhos, que haviam sido tocados pela palavra de John Walker em Belo Horizonte e Lagoa Santa, MG, onde a família morou pelos primeiros quatro anos no Brasil. A chegada desses reforços fortaleceu a equipe e possibilitou a formação de um núcleo de comunidade de crentes. Começaram a fazer reuniões nas casas.

Em 1970, Katharine e Christopher participaram de um encontro em Goiânia (do Movimento Jovens Livres, liderado pelo casal Ana Maria e Paulo Brasil) e voltaram cheios do fogo de Deus. John Walker, então, sentiu urgência para aproveitar as labaredas e ampliar o fogaréu. Com a família e os outros que vieram de Minas, passaram a pregar nas ruas e nas praças e a fazer visitas às residências. As conversões começaram a acontecer, e os batismos eram feitos em córregos próximos à cidade.

Filhos Caíam Nas Graças Do Povo ao Acolher Prostitutas e Alcoólatras

Em Rubiataba e região, os Walker eram conhecidos como os americanos. A população, a princípio desconfiada, passou a aceitá-los em pouco tempo. Quem conta é dona Eunice Maria Borges Pena, que foi evangelizada e ganha para Cristo naquela época:

Quando os americanos chegaram, em 1968, em pouco tempo caíram na graça do povo, porque eram humildes e apresentavam muitos frutos. O Roberto (Robert Walker, que mora hoje em Monte Mor, SP) e o Tomé (Thomas Walker, hoje bispo nos EUA da igreja brasileira Fonte da Vida em Nova York), casaram-se anos mais tarde com as brasileiras Geralda e Evandra respectivamente. Eles chegaram a acolher prostitutas e alcoólatras e a levá-los para sua casa. A cidade ficava admirada e passou a admirá-los também.

A conversão de dona Eunice ao evangelho pregado pelos americanos aconteceu em 1978, mas seu primeiro contato com eles, anos antes, foi marcante também. Ela relembra:

Eu morava em Bragolândia – distrito a 10 km de Rubiataba – e um grupo da igreja, incluindo o Cristóvão (Christopher), Roberto e Haroldo, foram de carroça pregar lá, no meio da rua. Havia uma festa religiosa na cidade, e chovia forte. Os religiosos não gostavam dos americanos e soltaram foguetes [bombinhas] debaixo da carroça. O cavalo [olhe o Mandão aí de novo], que estava amarrado à carroça, ficou assustado, arrebentou tudo e sumiu, deixando o Cristóvão e os outros irmãos ensopados, debaixo d’água. Lá de minha casa, eu ficava olhando; não tinha como chamá-los, mas fiquei com muita pena deles.

Passaram-se uns anos, e nos mudamos pra cidade de Rubiataba. Um dia, o Tomé bateu na minha porta. Ele fazia visitas de casa em casa, anunciando o Evangelho. Lembro até que contei para eles a história de Bragolândia e fiquei muito satisfeita com a visita.

Depois de algum tempo, comecei a ir à casa de uma irmã da igreja para ler a Bíblia com ela. Eu já tinha os meus seis filhos e queria aprender a Palavra de Deus.

Um dia, acabei indo para uma reunião. Que lugar mais abençoado: era um salão pequeno, só quatro paredes, muito simples, de cimento vermelho no piso. Tinha três degraus pra gente subir e, quando você chegava ao primeiro degrau, já sentia a presença de Deus. Só que eu não sabia que era a presença de Deus. Sentia algo diferente, mas só depois compreendi que era Deus.

Tinha reuniões que duravam quatro horas, e ninguém dava um pio dentro do salão porque o “seo” João não aceitava. Ele era muito radical, mas a gente amava aquele seo João. Ao final das quatro horas, a gente achava ruim porque tinha terminado. Acho que vivemos ali um pouquinho do Céu aqui na Terra.

Essa família foi uma bênção na minha vida, na vida dos meus filhos e dos meus netos. O que aprendi com eles, passei para os meus filhos e, agora, estou passando para os meus treze netos.

Um dos seis filhos de dona Eunice é o Clésio Pena. A exemplo de dona Eunice e outros, ele experimentou o que podemos chamar de Avivamento em Rubiataba. Clésio mora hoje com a esposa Rosied e os três filhos em Araras, SP. Ele faz parte do conselho editorial do ministério Impacto. Leia seu testemunho em “Depoimentos”.

Na Primeira Impressão, a Diferença Entre a Lei e a Graça

Por volta de 1971, o patriarca John Walker passou a dar estudos bíblicos a vários interessados às terças e quintas-feiras à noite. Não havia um prédio para a igreja na época – e nem queriam que houvesse. As reuniões eram feitas no bairro de Rubiataba chamado Posto Fiscal, em casas simples, de famílias pobres, mas onde se reuniam pessoas com imensa sede da presença de Deus.

Harold Walker conta que, no decorrer desses estudos, seu pai começou a falar sobre Gálatas 3, ensinando a diferença entre Lei e Graça com argumentos que mostravam, por exemplo, que o Evangelho começou com Abraão e não com Jesus. A Palavra soava nova e viva.

Os filhos Katharine e Christopher anotavam tudo. A ideia de usar as anotações e formular estudos escritos para distribuir a alguns amigos e irmãos surgiu numa reunião de família (como quase todas as novas direções e mudanças). Afinal, a família sempre tivera certa veia jornalística e gostava de comunicação, lembra Harold Walker. O pai do seo João, como John Walker ficou conhecido, ganhara a vida como corretor de seguros na Califórnia, mas fora repórter no jornal da faculdade. Sua mãe, Imogene, era profunda apreciadora de cultura: música, ópera, filosofia e literatura. Sua esposa, a irmã Ruth, levada pelo Senhor em julho de 2008, era poetisa. Seus tocantes poemas foram reunidos num livro artesanal, em inglês, intitulado From my Pink Cushion (Da minha almofada cor-de-rosa).

John Walker tinha uma formação eclética: estudara em faculdades prestigiadas nos Estados Unidos, como St John’s, Stanford e Berkeley. Após sua conversão a Cristo, também nos EUA e ainda jovem, recebera forte influência de pessoas com ênfases e vertentes diversificadas, como John Manchester (seu mentor inicial), John Myers, William Branham, Watchman Nee, Witness Lee e outros. Participou, ainda, do ministério do jornal Herald of His Coming (O Arauto da Sua Vinda), publicado até hoje em vários países, inclusive no Brasil, tendo Christopher Walker à frente.

“Meu pai gerava a palavra, mas não sabia bem o que fazer com ela, e os filhos o completaram nisto”, lembra Harold.

De acordo com anotações no diário de dona Ruth Walker, no dia 31 de março de 1972, Katharine e Christopher mimeografaram (num mimeógrafo a álcool, que produzia aquelas cópias roxas) a primeira mensagem sobre Lei e Graça, que seria depois enviada pelos correios para conhecidos e amigos. Este dia pode, portanto, ser considerado como o do início do ministério de literatura da família Walker. Depois vieram outras folhas, sempre grampeadas no alto, à esquerda, também mimeografadas, com títulos diversos, dentre os quais, A Igreja Verdadeira e A Igreja Falsa e a primeira versão de O Segredo da Igreja Gloriosa.

A repercussão positiva levou a família a imprimir O Segredo da Igreja Gloriosa, de John Walker, numa gráfica de Goiânia, em outubro de 1973. Mas a empreitada revelou-se cara, o que os levou a produzir os livretos posteriores de forma artesanal. Paternidade, de Derek Prince, veio a seguir e foi impresso em setembro de 1975. Impresso é modo de dizer, claro: o texto era datilografado numa máquina de escrever Remington azul clara e reproduzido num mimeógrafo a tinta.

Na hora da encadernação, perceberam que não poderiam usar um grampeador industrial porque a capa do livreto, feita em papel A4 simples, se desprenderia dos grampos com facilidade. Enquanto discutiam em família o que fazer, os olhos azuis e criativos de dona Ruth – quem diria – viram a solução. Para já demonstrá-la, pegou um livreto e o costurou na dobra, com sua máquina de costura doméstica. A ideia funcionou e virou técnica de acabamento da nova editora.

A partir daí, veio o best-seller A Patrola de Deus, cuja primeira edição foi feita em fevereiro de 1976 nos Estados Unidos, num linotipo, pelo casal Al e Donna Adan. Como não tinham uma máquina com acentos em português, estes foram inseridos à mão, dando um aspecto bem artesanal ao resultado final. Logo em seguida, em março do mesmo ano, saiu o livreto artesanal Procuram-se Sacerdotes.

O auge do ministério aconteceu de 1980 a 1985. Nesse período, muitos livretos e apostilas foram publicados e diversos seminários foram realizados (veja mais na Entrevista de Harold Walker e Christopher Walker e na matéria “Depoimentos”).

Do Centro Geográfico ao Demográfico. No Meio de Tantos… e Sós

No início de 1986, John e Harold decidiram mudar-se para Jundiaí, SP. “Saímos do centro geográfico do Brasil para irmos ao centro demográfico”, lembrou John Walker na página 75 do seu livro Minha Jornada Espiritual (livro que é fonte de várias informações deste artigo e que relata muitos aspectos da história da família Walker de forma bem mais completa). “Nossa ideia era encontrar, em São Paulo, um grupo de homens com sede da Palavra.” Porém, as coisas não aconteceram como esperavam, e muitas dificuldades surgiram. Várias tentativas de levar a palavra recebida a uma nova dimensão na prática falharam, e, ao mesmo tempo, a unidade ministerial dentro da família como um todo se desmoronou. Estavam no meio de tantos… e nunca haviam se sentido tão sós. A família acabou espalhando-se, mas o tempo confirmou aquilo em que os crentes genuínos creem: que Deus corrige percursos.

De Jundiaí, Harold mudou-se em 1996 com a esposa Ester e os três filhos para Americana, SP, e ali conviveu um tempo com seu irmão Christopher, que, depois de casado, fora para lá em 1987 e estava dirigindo uma escola de inglês. Juntamente com eles, foram as caixas de literatura, que ficaram amontoadas numa sala fechada ao lado da escola.

Jornal O Arauto da Sua Vinda Manteve a Coluna Erguida

Nesse período, de 1986 até meados da década de 1990, houve quem pensasse que o ministério de literatura houvesse terminado. Ainda que muitos na igreja brasileira o tivessem esquecido, permaneceu um remanescente: o jornal O Arauto da Sua Vinda, versão em português do Herald of His Coming, fundado em 1941, em Los Angeles, com linha editorial voltada à convocação para oração, avivamento e preparação para a vinda de Cristo. O jornal circula até hoje, não só nos países de língua inglesa, mas também em muitos outros ao redor do mundo.

“Algo novo começou naquela época que se tornou, até hoje, uma das colunas do ministério”, fala Christopher a respeito do Arauto. O jornal já havia sido editado por alguns anos no Brasil, inicialmente sob a responsabilidade do Pr. Enéas Tognini, nos anos 70, e, depois, de outras pessoas, mas, na época, não estava mais sendo publicado. Existia um vínculo antigo da família com o ministério, já que John Walker trabalhou durante cinco anos no jornal com os fundadores (W. C. Moore e sua esposa Sarah) em Los Angeles, de 1956 a 1960.

Lois Stucky, que passou a ser uma das responsáveis pelo Herald nos EUA depois do falecimento dos fundadores e que conhecia John da época em que ele estivera envolvido no ministério, escreveu perguntando se ele sabia de alguém que pudesse dar continuidade à publicação do jornal. John passou a informação para Christopher, e ele aceitou o desafio. Pouco depois, o editor Elmer Klassen, que por muitos anos fora responsável pela publicação do jornal em vários idiomas europeus, veio ao Brasil para acertar os detalhes com Christopher.

Foi assim que, a partir de 1993, O Arauto da Sua Vinda passou a ser editado no Brasil sob a responsabilidade da família Walker. Até hoje, é distribuído de graça a cada três meses (em média) a aproximadamente 8 mil leitores, sendo mantido exclusivamente por ofertas voluntárias. Seus leitores (dentre os quais me coloco) o consideram de valor inestimável.

Impacto Nas Raízes

Em setembro de 1998, nasceu a revista Impacto, como sucessora da revista Lead, editada pelos pastores Mateus Ferraz de Campos e Cyllas Marins, de Americana. Diante de algumas dificuldades que a revista Lead estava enfrentando, surgiu, numa conversa entre Mateus e Harold, a ideia de uma nova revista. Outros homens com dom de escrever foram convidados e agregados ao conselho editorial e, hoje, a Impacto reflete uma diversidade eclética de pensamentos, origens e experiências. Como sugere o próprio nome, o objetivo da publicação é oferecer matérias e artigos que causem impacto, não no sentido sensacionalista, mas no intuito de levar os leitores a reexaminar suas convicções pessoais e espirituais e não simplesmente de adotar conceitos promulgados por tradições ou lideranças. A ideia é não recuar diante de temas complexos ou polêmicos, mas discutir os assuntos de tal forma que o próprio leitor chegue a uma conclusão pessoal, fundamentada na Palavra. A missão é ser a revista que faz pensar. Ao mesmo tempo, representa a continuidade de um ministério de 40 anos, de toda uma geração.

Luiz Montanini faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto. Casado, tem três filhos, jornalista e um dos pastores numa comunidade em Valinhos, SP.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

John Stott- Morre aos 90 anos o teólogo britânico

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Era considerado um dos maiores teólogos e líderes do século XX

Faleceu hoje, na Inglaterra, aos exatos 90 anos e três meses de vida, um dos maiores teólogos evangélicos do século 20, o anglicano John Robert Walmsley Stott, mais conhecido como John Stott. Stott nasceu em 27 de abril de 1921, em Londres, capital inglesa, filho de Sir Arnold Stott e Emily Stott. Seu pai era agnóstico e sua mãe, luterana, mas que congregava na Igreja da Inglaterra. Em 1938, aos 17 anos, ao ouvir em sua escola um sermão do reverendo Eric Nash, tomou sua decisão para Cristo. Nash foi quem o discipulou.

Stott estudou Línguas Modernas e Teologia em Cambridge, graduando-se com louvor em Francês e Teologia, após o qual foi ordenado ministro pela Igreja Anglicana. Em pouco tempo, destacou-se como um dos maiores líderes cristãos de seu tempo, principalmente depois de liderar, juntamente com o evangelista batista norte-americano Billy Graham, a célebre Conferência de Lausanne, em 1974, que reuniu as principais lideranças protestantes no mundo e influenciou inúmeros líderes cristãos ao redor do globo. Ele foi um dos principais autores do Pacto Lausanne, em 1974.

Em 2005, a revista Time classificou Stott entre as 100 pessoas mais influentes no mundo, e em novembro de 2004, o colunista David Brooks, do jornal The New York Times, disse sobre ele: “Se os evangélicos pudessem eleger um papa, Stott é a pessoa que eles escolheriam”. Billy Graham o considerava “o clérigo mais respeitado do mundo”.

Stott escreveu mais de 50 livros, traduzidos para dezenas de línguas, inclusive coreano e chinês. Suas obras mais populares, que se tornaram best-sellers, são Cristianismo Equilibrado, publicado no Brasil pela CPAD; e A Cruz de Cristo. Outras obras: Cristianismo Básico, Crer é Também Pensar, Porque Sou Cristão, Eu Creio na Pregação, Firmados na Fé, Entenda a Bíblia, Cristianismo Autêntico, O Perfil do Pregador, Ouça o Espírito, ouça o mundo.



Fonte:http://www.jneweb.com.br/

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Como Manter Acesa a Chama da Paixão por Deus

Por: Susana Walker

Nosso cenário inicial é um coração duro, um espírito morto, uma alma totalmente entregue ao mundo e a seus prazeres. Nessa paisagem sombria, em meio à morte e à podridão, imagine um soprar suave do Santo Espírito de Deus. O sopro de Deus amolece o coração, ressuscita o espírito e faz a alma extraviada retornar ao seu verdadeiro propósito, de louvar e conhecer a Deus.

Todos os cristãos já passaram por essa experiência. Todos nós, um dia, estávamos mortos e fomos ressuscitados pelo Deus Altíssimo. Quando isso aconteceu, nosso coração foi incendiado por uma paixão ardente por Deus. Buscávamos conhecê-lo com todas as nossas forças. Queríamos servi-lo de todo nosso coração. Tínhamos um amor pelas almas perdidas que nos impulsionava a falar a todos sobre nossa nova descoberta. Essa mesma chama ardeu ainda mais forte quando fomos batizados no Espírito Santo e, posteriormente, todas as vezes que tivemos experiências reais com ele. Foi como se estivéssemos em uma montanha-russa e nossas emoções estivessem “a mil”! Assim que o trajeto do carrinho terminava, queríamos voltar ao final da fila e começar tudo de novo! Tínhamos paixão suficiente para conquistar o mundo todo para Deus!

Mas como não podemos viver todos os dias, semanas e meses das nossas vidas em cultos, tendo experiências 24 horas por dia, era nossa obrigação voltar à “vida normal”. Logo fomos confrontados pelos compromissos sociais, por nossas contas bancárias, pelas exigências da moda e do mundo, por nossas famílias, amigos e todas as outras “coisas boas e normais” do nosso dia-a-dia. Com o passar do tempo, nossa chama foi perdendo seu ardor e, sem percebermos, já não tínhamos mais aquele fogo queimando dentro de nós.

Apesar de ainda termos em mente o desejo de seguir a Deus, de ser como ele e de torná-lo conhecido, faltava força para fazer qualquer coisa nessa direção. “Não estou com vontade de orar! Que preguiça de ler a Bíblia! Ai! Que vergonha de falar com meu amigo sobre Jesus!” Aquilo que antes era normal passou a ser difícil e inconveniente!

Tantas vezes esse processo descrito acima acontece conosco. Apesar das nossas boas intenções, parece que é tão mais fácil deixar a chama apagar-se do que cultivá-la para que permaneça acesa. E, por incrível que pareça, não são somente as ocupações seculares ou as coisas “do mundo” que podem apagar nossa chama. Muitas vezes, o próprio ministério pode nos afastar da verdadeira visão e da nossa paixão inicial. Eu nunca pensei que tão cedo pudesse estar falando sobre este assunto, mas depois de um ano trabalhando como missionária, posso dizer com certeza que é tão fácil se perder nos “afazeres” do ministério, esquecendo-nos assim do porquê, para quê e para quem estamos fazendo o que fazemos! Durante este ano, lutei para manter minha chama acesa e posso compartilhar agora alguns princípios que podem nos ajudar a manter acesa a nossa chama da paixão, dentro e fora do ministério.

O Amor É Uma Decisão, Não Só Uma Emoção

A noção errada sobre o que é o amor levou o mundo à situação caótica em que hoje se encontra, principalmente tratando-se da área de casamento e família. Para exemplificar isso, vou citar o que li numa revista secular há algumas semanas e que considero ser uma das maiores asneiras já escritas. Uma famosa artista do cinema internacional, quando interrogada se já havia traído seu marido, respondeu: “Sim, eu já traí”. E justificou-se dizendo: “Não posso frustrar meus sentimentos!”

A maioria das pessoas no mundo hoje (além de boa parte dos cristãos) é guiada somente por sentimentos e emoções, buscando felicidade através de fazer tudo que seus desejos carnais requerem. Mas o verdadeiro amor divino, descrito em 1 Co 13.4-7, nos diz o contrário. No versículo 5, Paulo afirma que o amor divino não busca seus próprios interesses! Um amor como esse não pode surgir em alguém que segue somente suas emoções humanas. E é por isso que vemos tantos divórcios, dentro e fora da igreja. Como um compromisso baseado nas emoções é frágil, assim que a paixão inicial finda, o casal diz que o amor acabou!

Da mesma forma quando, depois de uma experiência com Deus, a chama da paixão no seu coração começa a se apagar e você já não sente aquelas emoções como no início, você precisa tomar uma DECISÃO de amar, mesmo que os sentimentos não estejam presentes naquele momento. Quando você persevera na sua decisão de amar, em breve os sentimentos voltarão.

Nessa perseverança, uma coisa essencial é a disciplina! Muita gente descarta a disciplina com Deus como algo legalista e “do diabo”! Mas é ela que nos sustenta quando todas as emoções se foram e não temos vontade natural para fazer nada. Quando todas as coisas do mundo nos chamam a atenção e abafam a chama da paixão, precisamos de perseverança e disciplina para continuar seguindo adiante. Durante a espera em um aeroporto, com pessoas passando apressadas de um lado para o outro e lojas cheias de propagandas para atrair clientes, escrevi em meu diário o seguinte:

Tantas luzes piscando, tantos sons, tantos cheiros… tantas coisas procurando chamar nossa atenção! Mas tão pouco é digno do nosso tempo, tão pouco realmente importa, tão pouco…

É tão difícil para nossas mentes jovens, tolas e carnais ficarem focalizadas em algo que valha a pena. Somos tão facilmente distraídos, tão facilmente desviados. Mas precisamos perseverar, precisamos ser fortes, persistir, continuar. Existe um propósito para o qual vale a pena viver, vale a pena morrer, vale a pena se disciplinar. Existe algo, sim, existe somente uma coisa!

Realmente só a disciplina nos manterá firmes, quando as emoções se forem. Somente a disciplina pode fazer surgir o verdadeiro amor.

Um exemplo muito comum disso é quando estou assistindo televisão e sei que ainda não li a Bíblia. Eu quero ler a Bíblia! Lá no fundo, quero mesmo! Mas estou tão confortável no sofá, estou gostando do filme que está passando, não quero perder o final! Então não quero ler a Bíblia!

Está vendo a guerra que existe dentro de mim? No coração eu quero, mas nas minhas emoções estou feliz com o que estou fazendo! O que falta? A disciplina e a determinação de levantar-me do sofá, desligar a televisão e abrir a Bíblia. Assim que essa luta é ganha, já não sinto mais vontade de saber o final do filme. O desejo do meu coração conquistou minhas emoções e agora eu “por completo” quero ler a Bíblia.

Muita gente julga isso como legalismo ou esforço humano. Na verdade, entretanto, é o verdadeiro amor operando em mim para vencer as emoções carnais!

A Chama de Paixão por Deus Precisa de Oxigênio

Assim como uma chama de fogo natural precisa de oxigênio para continuar queimando, assim também é a chama da paixão por Deus. Em Mateus 5.15, a Bíblia nos exorta a não escondermos a candeia em um lugar onde não possa ser vista e onde não receba o oxigênio necessário para sua sobrevivência. Devemos colocar nossa chama bem à vista, onde todos possam vê-la, para que assim seja bem alimentada de oxigênio. A Bíblia diz, em Gn 12.1-3, que Abraão foi abençoado por Deus para que pudesse abençoar todas as famílias da Terra. O que isso quer dizer? Que não recebemos bênçãos para guardá-las para nós mesmos; mas somos abençoados para abençoar outros. Um fator essencial para nossa chama continuar queimando é que a compartilhemos com outros.

Quando compartilhamos com outros sobre quem Deus é, o que ele fez e todas suas maravilhas, nós permitimos que mais oxigênio chegue até nossa chama, fazendo-a crescer mais ainda. Cada vez que contamos para alguém sobre como Jesus nos salvou, nossa salvação se torna ainda mais real para nós mesmos. Cada vez que oramos para que alguém receba o batismo no Espírito Santo, mais real ele se torna na nossa vida. Cada vez que oramos para que alguém receba a cura, mais podemos crer para nossa própria cura. Quando falamos com os outros sobre Jesus, voltamos ao nosso primeiro amor. Quando voltamos ao nosso primeiro amor, falamos com outros sobre Jesus! É um ciclo que nunca se acaba! Muitas vezes, numa tendência protetora, queremos esconder nossa chama de tudo e de todos. Nós a guardamos lá no fundo, onde ninguém pode atingi-la e onde o vento não pode apagá-la. Mas numa atitude super protetora, acabamos por apagá-la nós mesmos, ao não permitirmos que o oxigênio chegue até ela. Quando queremos garantir, por nós mesmos, que manteremos a chama acesa, encontramos, ao contrário, uma segurança perigosa, que nos leva a uma vida medíocre, sem paixão e sem o ardor de Deus.

Para manter uma chama ardente, precisamos nos tornar vulneráveis. Precisamos tirar as paredes de proteção natural que construímos ao redor da nossa chama. Paredes que levantamos por termos sofrido feridas anteriormente; paredes de autodefesa que nos fazem sentir fortes, mas que, na verdade, nos mantêm separados de Deus e incapazes de compartilhar nossa chama com outros.

Devemos correr riscos; riscos de sermos desprezados, rejeitados e considerados tolos pelo mundo. Como? Colocando-nos em posições onde precisemos depender totalmente da ação de Deus. Por exemplo, quando compartilhamos com os outros sobre Jesus, corremos o risco de não sermos aceitos; entretanto, se o fizermos assim mesmo, estamos dando uma oportunidade para que Deus aja em favor da salvação deles. Quando deixamos tudo que o mundo tem para oferecer e seguimos a Deus, corremos o risco de sermos considerados tolos pelo mundo; entretanto, estamos dando a Deus uma oportunidade de usar-nos de maneira sobrenatural. Quando confiamos em Deus para nossa cura, somos chamados de loucos radicais e não somos entendidos até pela maioria das pessoas dentro das igrejas; entretanto, estamos dando lugar para um milagre acontecer para a glória de Deus! E cada vez que vemos Deus operando em nós e através de nós, SENTIMOS sua presença tão perto que nossa chama aumenta! Ver o Deus sobrenatural invadir nossas vidas naturais é combustível para nossa chama de paixão – mas para que isso aconteça, precisamos correr o risco de deixar nossas chamas expostas à visão crítica do mundo!

A Chama é Reavivada Através de Verdadeira Comunhão Entre Irmãos

Alguma vez você já sentiu a chama queimar no seu interior enquanto compartilhava algo com um irmão? Parecia que quanto mais falavam sobre o assunto, mais este se tornava verdade para vocês e mais o fogo ardia nos seus corações! Isso acontece porque a comunhão é um tremendo combustível para nossa chama interior. Durante o tempo que tenho morado na África, tenho descoberto muitas coisas sobre o fogo que eu não sabia antes. Muitas vezes quando saímos para fazer evangelismo em diversas vilas, somos hospedados nas igrejas. Como as igrejas de pau-a-pique são muito abafadas e empoeiradas, geralmente dormimos do lado de fora, à luz das estrelas, ao lado de uma fogueira, para espantar os animais e insetos.

Antes de ir dormir, podemos observar que o fogo está alto, queimando forte, com as quatro toras de madeira bem próximas umas das outras. Ao acordarmos no dia seguinte, daquilo que antes era um fogo, agora restam somente cinzas. Podemos pensar que o fogo apagou-se por completo, mas, na verdade, ele apenas diminuiu e armazenou-se em forma de brasas. Por que isso aconteceu? Porque durante a noite, as toras de madeira, que antes estavam unidas, foram queimando, queimando, virando cinzas e “afastando-se” umas das outras. Por fim, a chama do fogo já não podia se manter, com as toras totalmente afastadas umas das outras, e restou somente a brasa separada em cada tora. O que temos de fazer para que a chama volte? É simples: reunir as toras novamente e assoprar um pouco. Tão logo as brasas se toquem e recebam oxigênio, a chama reaparece.

O mesmo ocorre em nossas vidas espirituais. Quando não temos verdadeira comunhão com nossos irmãos, nossas “toras” estão se afastando. A chama, que antes era forte, vai enfraquecendo até transformar-se numa simples brasa. Para fazer a chama voltar, basta buscar a verdadeira comunhão, que incendiará novamente nossos corações.

Essa comunhão geralmente é espontânea, num momento de conversa privada ou no compartilhar de sonhos, idéias e anseios, e muitas vezes pode acontecer com alguém que você acaba de conhecer. O mais importante é sermos genuínos e, mais uma vez, estarmos vulneráveis (“baixar a guarda”).

Conclusão

Se genuinamente queremos manter nossas chamas acesas, devemos:

- Tomar a decisão de amar e buscar a Deus, independente das nossas emoções inconstantes. Podemos crer que, se perseverarmos, Deus sabe exatamente do que precisamos e nos trará as emoções, como galardão da nossa dedicação a ele.

- Ser vulneráveis e correr riscos com o objetivo de compartilhar nossa chama com outros, sem receio do que possam fazer contra nós. Quando fazemos isso, damos chance para Deus operar e reacender a nossa chama (e até “contagiar” a outros).

- Buscar comunhão real com outros cristãos, em conversas relevantes sobre o reino de Deus, que façam-nos voltar ao nosso primeiro amor e às revelações, que perdemos por não termos “cultivado” nossa chama.

Com um povo apaixonado por Deus, não haverá mais quem possa dizer que o Evangelho é para fracos e maricas! Somos um exército preparado para batalha, em humildade e submissão ao nosso comandante: Cristo!

E quando nossos inimigos se levantarem para apagar nossa chama, quanto mais assoprarem, mais oxigênio nos darão, para que nossas chamas queimem mais e mais forte. Seremos como os primeiros cristãos – quanto mais perseguidos eram, mais determinados a morrer por Cristo se tornavam!

“Acenda o fogo em você, vá até a sociedade, e deixe que eles vejam você se queimar.”
(John Wesley)

Susana Walker, 20 anos, é filha de Harold Walker e está no segundo ano de uma missão com “Christ For The Nations” em Moçambique, onde é professora de um Instituto Bíblico para treinamento de obreiros, perto de Inhaminga.