quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5 O RADICALISMO DO PROFETA

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5
O RADICALISMO DO PROFETA
Por John Maclauchlan
Um profeta é inevitavelmente uma figura radical que ameaça a situação atual. O
institucionalismo pode produzir seus profetas, mas estes serão homens de sua própria
espécie, falando o que o sistema quer ouvir e dando uma aparência divina ao que é
essencialmente estéril ou perverso. Em contraste, homens enviados por Deus
permanecerão fora deste contexto, e suas palavras não apoiarão, mas desafiarão os
conceitos formados e os rituais estabelecidos.
Jeremias entrou em controvérsia com os profetas institucionalizados que falavam ao
povo o que este queria ouvir: que não seriam conquistados por Babilônia. Estes homens
sustentavam a ordem existente e apoiavam o que Deus havia rejeitado. Viam somente o
reino material, e profetizavam em correspondência a homens, não a Deus. Preocupados
com o reconhecimento e a posição, prostituíam o seu potencial de autoridade em favor do
benefício próprio. Em contraste, Jeremias declarava a palavra de julgamento de Deus, à
custa de sacrifício pessoal.
O propósito da profecia não é agradar os ouvidos dos homens. É a auto-expressão de
Deus: declara sua vontade e desejos; dá sua avaliação da situação. Ao fazer isto, ela é
diametralmente contrária à expressão da vontade e desejos do homem, pois estes entram
em choque com a vontade e desejos de Deus. Portanto, muitas vezes o profeta de Deus terá
de denunciar os profetas dos homens. Miquéias fez isso ao declarar que os falsos profetas
faziam errar o povo de Deus, não tinham nada de Deus e estavam na verdade em guerra
contra Deus! (Mq. 3:5-12).
DEPENDÊNCIA DE DEUS
O próprio profeta encarna o princípio de que o homem está designado para viver e
funcionar na dependência de Deus. Desta forma sua vida e suas palavras irão contra
qualquer tipo ou forma de independência. Independência por desejo e ambição,
independência de pensamentos e conceitos, independência de propósito e alvo, devem dar
lugar ao reconhecimento da supremacia e glória de Deus, submentendo-se a ele de todo
coração e vontade. Somente desta maneira o homem pode achar segurança e realização.
Portanto, há muita coisa que o profeta é enviado para destruir. Arrancar e derrubar,
destruir e demolir precedem o construir e o plantar (Jr 1:10). O coração do profeta é criativo,
não destrutivo, pois reflete o coração do seu Deus. Mas o mal deve ser destruído para que o
bem possa florescer, e o chão deve ser limpo dos entulhos para que um novo edifício possa
crescer com firmeza.
Séculos de conceitos e idéias falsos têm paralisado a Cristandade a ponto de total
inatividade, ou a tem desviado para a atividade errada. Séculos de estruturas religiosas
humanas têm levado o espírito do homem a tal servidão que ele está dentro de uma
masmorra de formas e rituais sem nenhum conhecimento verdadeiro do Deus vivo. O
profeta permanece em oposição frontal a toda essa escravidão, e declara liberdade aos
homens.

Quão facilmente aqueles que querem servir a Deus aceitam conceitos e idéias
tradicionais! Quão facilmente o inimigo tem conseguido semear conceitos falsos no solo fértil
desta receptividade! Seja onde for que o homem confie em alguma outra coisa além de Deis
para sua segurança, há perigo. Quando ele confia num credo ou sistema tradicionais ao
invés de confiar naquilo que Desta falando às igrejas, ele está exposto ao engano.
Também não é seguro abraçar o evangelicalismo como a ala da igreja que recusou
ser escravizada pela tradição: embora tenha rejeitado as formas exteriores e os rituais
religiosos do catolicismo, substituiu-os por um sistema de ortodoxia e prática religiosa
igualmente escravizador. E aquelas mesmas idéias gnósticas que começaram a envenenar
a corrente sangüínea da igreja nos seus primeiros dias estão encontrando uma pronta
aceitação no meio evangélico hoje.
DESTRUINDO FALSOS CONCEITOS
O profeta se oporá a todas essas idéias falsas, pois seu desejo é uma igreja sã e
unida, livre de interesses sectaristas. Ele atacará a consciência pecaminosa e impotente
daquilo que hoje leva o nome de Cristandade tão vigorosamente quanto seus colegas no
passado atacavam as religiões falsas que contaminavam a vida espiritual de Israel. A
mentira escraviza ao passo que a verdade liberta. Ouvindo a verdade o povo de Deus é
despertado para ver a prisão em que se encontra, e ao mesmo tempo ver a porta de escape
que permanece aberta. Os profetas de hoje, como nos dias de Moisés, conduzem o povo
para fora desta escravidão, destruindo todo obstáculo no nome do Senhor, e trazendo
julgamento àquilo que tem escravizado o povo de Deus.
A tendência do homem é organizar e solidificar tudo que ele toca. Sua insegurança
exige que tente estabelecer firmes pontos de referência para si mesmo. Por isso, ele
constrói instituições do que outrora era uma expressão flexível de vida. O Deus que declara
que “é o que é” recusa-se a ser preso ou limitado. E uma igreja que está designada a
encarnar e expressar Deus não pode ficar presa a uma forma ou padrão fixos.
De fato, se Deus “é o que é” devemos dizer da igreja que ela também “é o que ela é”,
ou melhor, que “ela é o que ele é”. Por perceber que o propósito e atividade de Deus são de
suprema importância, o profeta se oporá ao institucionalismo estático que o homem erigiu
para substituir a dependência viva em Deus.
A experiência do profeta é de um caminhar contínuo com Deus, uma experiência viva
com ele. Sua vida e palavras convidam e inspiram o povo de Deus a uma experiência
semelhante. Não lhes é permitido continuar na estrutura confortável e segura do formalismo,
previsível em todo o seu curso. Antes, devem ser chamados para sair desta segurança
aparente a fim de seguir o Deus que está falando, muitas vezes sem saber para onde vão.
Foi tal obediência de fé que justificou Abraão; é tal fé que ainda agradará a Deus hoje. O
propósito da igreja é ser auto-expressão de Deus, e ela deve Volver-se para onde quer que
ele dirija, e seguí-lo para onde quer que ele vá. O profeta vive desta maneira e comunica isto
à igreja.
Assim como ele ataca e destrói idéias erradas acerca do relacionamento com Deus,
da justiça, da natureza e do propósito da igreja, da mesma forma também o profeta buscará
minar e substituir concepções errôneas de profecia e escatologia. Por não ter uma
experiência viva com a voz de Deus, a igreja se tornou à base reprodutora de uma
superabundância de idéias humanas e demoníacas. Muitas dessas idéias efetivamente

minam o propósito de Deus e relegam seu procedimento com o homem à categoria de uma
seqüência rígida de acontecimentos futuros.
Porém, Deus é vivo e real! Está ativo e responsivo aos acontecimentos! Ele não é
uma máquina e nem um computador programado de um curso pré-estabelecido e fixo.
Portanto, ao destruir falsas idéias escatológicas o profeta libertará o povo de Deus de vários
becos sem saída, e ao mesmo tempo o levará ao indispensável conhecimento do Deus vivo
e à experiência viva com ele.
Temos falado muito do efeito destrutivo do ministério do profeta sobre tudo o que
assume o lugar de Deus ou se lhe opõe. Temos também procurado expressar por que ele
tem este papel, e alguns dos resultados positivos que ele espera ao assentar um bom
fundamento e construir num local bem preparado. Mas devemos também ter cautela contra
a aspereza humana no papel destrutivo do profeta. Alguns têm usado o disfarce de profeta
para justificar as expressões de amargura e ressentimento humanos, de vingança e
provocação.
EXPRESSANDO A VONTADE DE DEUS
Não importa nesse caso se o que eles atacam é realmente contrário ao coração e
vontade de Deus. Pois nunca é demais enfatizar o fato essencial de que o profeta é um meio
para expressar a palavra de Deus, e ela somente. Jesus exemplificou a voz destrutiva de
Deus em muitas ocasiões, mas nunca com algum motivo de interesse humano. Sempre
falava a palavra de Deus, e somente ela, e muitas vezes era com tristeza por aqueles de
quem ele falava.
Neste assunto todo, um princípio que o autor deste artigo aprendeu de Deus há uns
treze anos atrás, e que desde então tem procurado praticar, e corresponder ao Espírito de
Deus ao atacar e minar idéias e conceitos falsos que mantêm a igreja em escravidão, mas
normalmente abster-se de atacar a pessoa dos indivíduos que propõem tais idéias. Estes
permanecem, ou caem diante de seus próprios mestres.
Tem-se falado que Moisés entendeu os caminhos de Deus, enquanto que Israel como
um todo somente viu os atos de Deus. É parte principal da consciência profética apreciar
não somente o que Deus está fazendo, mas entender por que ele está fazendo aquilo, e ter
um senso de estratégia.
Ele sempre dirigirá a atenção para a raiz do problema, removendo os entulhos e
esforçando-se para estabelecer uma raiz sadia através da qual aquilo que Deus tenciona
realizar possa desenvolver-se. Nisto ele é realmente radical, pois um radical é uma raiz, e
ser radical implica em atingir a raiz do problema. Inevitavelmente neste ponte ele entra em
conflito com as instituições religiosas que por séculos têm acumulado tradições, e perdido de
vista as raízes das quais a Cristandade surgiu.
Mas não é somente renovando os conceitos da igreja que o profeta estará ativo. Ele
também expressará a vontade de Deus para seu povo em qualquer ponto determinado de
sua história. Ele trará direção, dando a perspectiva de Deus e exortando a igreja para
corresponder às circunstâncias e acontecimentos como o seu Senhor deseja. Ele explicará o
significado da situação atual. E delineará os passos imediatos e necessários, para a partir
daí adentrar ainda mais na vontade de Deus.
Esta expressão da vontade e palavra atuais de Deus será colocada no contexto de
uma declaração contínua do seu propósito geral. O profeta esclarecerá e profecia e a

escatologia ao povo de Deus. Ele não está interessado em sistemas e interpretações
literalistas baseados em lógica e dedução humanas. Ele vê na profecia a revelação do
coração de Deus (sua vontade e desejo) e de seus princípios (a base pela qual ele ordena e
age). Estas coisas ele vê por revelação e as expõe ao povo de Deus.
É necessário um profeta para interpretar um profeta, pois nenhuma profecia bíblica
pode ter interpretação particular. Assim como as profecias registradas não se originaram da
vontade humana, mas resultaram da inspiração do Espírito através de homens específicos,
assim também hoje a interpretação destas profecias depende de um dom e ministério
profético semelhantes (2 Pe 1:20,21). Assim como as declarações dos profetas devem ser
julgadas por outros profetas (1 Co 14:29), da mesma forma as palavras dos profetas devem
ser interpretadas pelos profetas.
DANDO UMA VISÃO DE DEUS
Neste contexto uma nova escatologia emerge. Não um sistema, nem uma estrutura
minuciosa de acontecimentos futuros, mas um conceito espiritual do alvo e desígnio de Deus
que atrai seu povo a consumação destes propósitos. Como escatologia bíblica, muitas vezes
ela será em visão e parábola, muitas vezes “codificada”, mas sempre inspirando visão e
coragem. É uma escatologia viva, não uma escatologia acadêmica. É espiritual e não literal.
É substancial por ter a realidade de Deus, não rígida como a assim chamada ortodoxia nem
restrita pelas limitações da lógica humana.É uma visão de Deus.
Tal escatologia é imediatamente incompatível com qualquer sistema formal e estático.
Inevitavelmente torna-se uma ameaça aos fornecedores de pacotes proféticos bem
elaborados cuja segurança depende da predição de um curso estabelecido de
acontecimentos futuros. No entanto, esta escatologia participa da essência do que é
verdadeiramente profético. Comunica Deus, não planos e acontecimentos. Enfatiza a
realização de seu propósito, a manifestação do seu reino, e dá espaço para aquele que “é o
que é” desenvolvê-lo como ele achar melhor.
Portanto, o profeta liberta os homens da dependência de auxílios e apoios exteriores
e os amarra em Deus. Ao fazer isto sua natureza essencialmente radical é mais plenamente
expressada, pois nisto se acha a raiz da sua existência. O homem se tornou independente;
Deus o chama de volta à rendição e à dependência.Ele chama através de seus profetas,
equipando-os para desfazer os emaranhados de indiferença e engano. Ele toca seus
corações e os inspira com a visão de si mesmo e de sua glória. Ele lhes mostra sua vontade
e propósito. Ele os dirige dia após dia para o alvo.

O PROFETA COMO VIDENTE
Por John Maclauchlan
O nome original para um profeta era “vidente”. Isto não é só de interesse histórico ou
acadêmico, mas envolve a natureza do ministério profético. Antes de fala, um profeta deve
ver. De fato, ele só pode falar o que vê. Ele não é um teórico teológico que negocia idéias
etéreas. Antes, vê o que é real e comunica sua visão a outros.
É óbvio que não estamos necessariamente nos referindo à visão literal. O que temos
em vista é mais uma faculdade espiritual de percepção, de consciência divina. O profeta
está consciente de coisas das quais outros homens não têm percepção alguma.Ele é
sensível a Deus e à dimensão espiritual de uma maneira que outros não são. Ele vê as
coisas da perspectiva de Deus e não do homem.
Antes e acima de tudo mais, ele vê a realidade invisível. Vê Deus e é movido por uma
profunda reverência e adoração. Vê o trono de Deus e experimenta um sentimento confiante
de vitória mesmo quando as coisas parecem muito erradas. Vê os céus e está consciente do
ministério dos anjos em favor dos santos de Deus.
Porque o profeta experimenta todas essas coisas, ele também as comunica. Não
simplesmente em palavras, mas pela sua presença, pois uma experiência rela sempre se
comunica num nível intuitivo. Em sua presença os homens percebem Deus. Porque seu
coração cheio de amor e reverência, os corações dos homens são atraídos a Deus em
adoração.
Quando aconselha, profetiza, exorta, ou ora, suas palavras atingem os corações dos
homens. Eles ouvem suas palavras porque percebem a realidade da fonte de onde fluem. O
que ele fala flui do que ele é.
O profeta vê situações como realmente são. Ele não depende de uma avaliação
natural das igrejas. Não vê somente a superestrutura, mas também o estado dos alicerces
por baixo. Percebe o nível da realidade de Deus que está presente. Está consciente de
falhas escondidas e problemas potenciais.
Quão embaraçoso é tudo isto para aqueles que agem somente dentro dos limites de
uma perspectiva humana! Tudo parece certo, próspero, eficiente, e sereno. Ms o que é
construído sobre um fundamento falso nunca alcançará os objetivos de Deus. Somente um
corpo que ouve e obedece à palavra de Deus vencerá. E um profeta de Deus conhecerá o
estado do fundamento. É melhor se desiludir agora, quando é possível reconstruir, do que
descobrir as falhas quando o prejuízo é irrecuperável.
ELE DISCERNE ATITUDES
O profeta vê os corações e atitudes interiores dos homens. Ele não é influenciado
pelo que aparentam ser, ou o que afirmam ser. Nem o que eles dizem ou que outros dizem
sobre eles o confunde. A forma como Deus os vê é que o impressiona. Ele se torna
consciente do que realmente se passa dentro deles.
Semelhantemente, ele sente o espírito que está por trás das palavras e ações. Seja
um dom espiritual, ou uma área criativa como música, literatura ou arte, o profeta é sensível

ao espírito originador. Nisto, ele não age meramente com raciocínio, mas ataca a raiz do
problema, sua fonte e origem.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo conselheiro é que muitas vezes os
sintomas não são o verdadeiro problema. A dificuldade que existe na superfície, raramente é
a raiz do problema. No aconselhamento o maior objetivo é penetrar além da superfície e
descobrir o coração do problema. Porque experimenta a percepção de Deus, o profeta
descobrirá a verdadeira questão ao aconselhar.
ELE DESCOBRE FUNDAMENTOS
O mesmo princípio se aplica na direção das igrejas. Os sintomas superficiais são
inadequados para revelar os problemas reais. Desta forma é perigoso agir baseado neles. O
vidente vê mais profundo do que a superfície e além d o óbvio. É capaz de revelar e falar
sobre o cerne do problema.
Deus se deleita em comunicar sua vontade em figuras e símbolos. Assim sua palavra
é protegida contra o homem natural e o charlatão, mas se comunica ao sincero de coração.
Por isso o profeta é um vidente de visões e sonhos. Esses podem ser longos ou curtos e
podem variar muito em intensidade e vivacidade. Eles podem ser vistos por uma ou mais
pessoas simultaneamente. Recentemente, minha esposa e eu tivemos uma visão juntos que
ficou suspensa no espaço entre nós quando nos sentamos de frente um ao outro. Desta
forma o que ela viu à sua esquerda, eu vi à minha direita e vice-versa. Isto tornou evidente
parra nós que estávamos visualizando a mesma coisa, em todos os seus detalhes, de lados
opostos!
É importante notar aqui como as visões constituem um aspecto tão importante da
revelação de Deus ao profeta. No nosso caso são elementos proeminentes na orientação,
direção, e percepção recebidas em favor de indivíduos e também na abertura do próximo
passo para a igreja. Não posso enfatizar suficientemente o perigo de um tratamento
mecânico, sistemático, ou humano das visões. Não pode haver nenhum sistema fixo de
interpretação, nenhum código de símbolos correspondentes. Somente Deus pode interpretar
uma visão que ele dá. Somente Deus pode mostrar qual a sua aplicação e o que é
importante nela.
Deus não é restrito a uma “chave” derivada de símbolos bíblicos. De fato, uma visão
muitas vezes incorpora elementos contemporâneos que não estão presentes em nenhum
lugar na Bíblia. Deus muitas vezes comunica através de símbolos que têm um significado
específico para o vidente.
Visões podem demorar muito tempo, desenvolvendo-se juntamente com um
comentário continuado de sua interpretação. Ou talvez tenham que ser “guardadas” até
Deus revelar seu significado. Podem vir em várias partes que podem ser vistas por
diferentes pessoas. As partes podem ser vistas por diferentes pessoas. As partes podem ser
espaçadas por um período de minutos, horas, dias ou mesmo semanas. Muitas vezes uma
parte mais antiga pode ser entendida só à luz de uma parte mais recente.
O conteúdo das visões pode variar muito. Pode ser a sublime glória aliada à
simplicidade de um vislumbre do trono de Deus, que não exige nenhuma interpretação, mas
produz reverência extraordinária. Ou pode ser uma sucessão de símbolos que não teriam
sentido nenhum sem a revelação de Deus. Pode ser baseada em elementos de uma

experiência recente do vidente, ou pode envolver coisas das quais ele não está consciente
de ter pensado ou sonhado anteriormente.
O profeta vê o caminho a seguir para a igreja. Ele estará consciente do próximo
passo. E não dos próximos dez passos! A igreja não é uma entidade estática, antes está em
constante movimento e correspondência ao Deus vivo, e por isso precisa ouvir a voz de
Deus constantemente. Por perceber a resposta que Deus agora requer, o profeta transmite
esta direção à igreja.
ELE DISCERNE O FUTURO
A direção profética para igreja sempre virá um passo de cada vez. Deus reserva a si
mesmo a liberdade de ação, e realmente orienta de acordo com a situação atual. Podemos
esperar coerência na direção profética, sem muitas viravoltas repentinas. Mas a direção
global muitas vezes somente se tornará clara depois que se fizer um retrospecto.
Deus realmente requer de nós uma resposta em fé sem entendermos todas as razões
de suas ordens. Ele realmente muda seus plano de acordo com as circunstâncias. Que ele
nos liberte de avaliações e realizações humanas. No final das contas, tudo isto será
insuficiente para alcançar o objetivo.
Embora ele esteja contente por ver um passo de cada vez e prosseguir em simples
obediência, o profeta vê o alvo que Deus tem em vista. Vê a soberania de Jesus
manifestada sobre toda a terra. Esta percepção é que leva o profeta e a igreja a
prosseguirem durante todas provações e sofrimentos do tempo presente.
Ele anela pelo resultado final e a igreja sente seu anseio e anela junto com ele. Sua
consciência se torna a consciência deles, seu desejo o desejo deles. Ele pode muitas vezes
pintar um quadro vívido de como será o governo de Deus. Pode desenvolvê-lo bem
detalhadamente, pois seus olhos estão fixos na tela das intenções de Deus. Mas nunca se
torna etéreo e sem conexão com o presente.
A obra deve prosseguir. A casa de Deus deve ser construída. Não haverá
consumação sem um povo responsivo movendo-se em obediência firme e resoluta em
Deus. Para este fim o profeta labuta diariamente. Mas em todo o seu labor e o daqueles que
foram atraídos a acompanhá-lo, seu papel de vidente é central.
Ele vê, e portanto, adora. Vê, e portanto, fala. Vê e portanto, trabalha.

O QUE É VISÃO?
Por Graham Perrins
Visão é muitas vezes descrita como aquilo que edifica, inspira e libera. Ela amplia
nosso horizonte capacitando-nos a ver o que é nossa herança. Mas há outros aspectos da
visa. O autor de Provérbios dá um ponto de vista quase contrário em sua famosa citação:
“Não havendo visão o povo se corrompe” (Pv 29:18, versão inglesa). Este versículo
importante é traduzido numa outra versão como: “Não tendo visão o povo rejeita disciplina”.
E na Bíblia de Jerusalém é traduzido como: “Quando não há visão, o povo não tem freio”.
Visão neste caso é necessária para trazer restrição, disciplina e controle. Como um cavalo
selvagem precisa de freio povo de Deus precisa de visão. Como uma criança desobediente
precisa de disciplina assim o filho de Deus precisa de visão para mantê-lo em controle e
provê-lo como diretrizes necessárias. Portanto, a visão pode ser restringente. Pode nos
impedir de ultrapassar os limites dados por Deus. Pode nos libertar de nós mesmos.
Quando Samuel começou sua carreira as visões não eram freqüentes. Este fato é
realçado pelo resumo da vida daqueles dias como: Não havia rei em Israel: cada qual fazia o
que achava mais reto”(Jz 17:6). Sem visão não havia restrição. O homem era como um rio
numa enchente inundando suas ribanceiras. A nação era como uma represa com barragens
quebradas. Então a voz profética foi ouvida. Samuel trouxe a visão de volta. O governo de
Deus foi estabelecido em Israel. Precisamos de visão hoje não somente para nos libertar,
mas para estabelecer as prioridades de Deus em nossas vidas, para fixar nossas limitações,
para mostrar nossas fronteiras, para estabelecer o reino de Deus.
A essência da visão é a palavra de Deus. A citação de Provérbios é raramente citada
na íntegra. Deve se ler: “Não havendo visão o povo se corrompe, mas o que guarda a lei é
feliz”. Aquela palavra viva dada no Monte Sinai foi designada para guiar, instruir e discipular
o povo de Deus a Cristo, a palavra viva.
Foi assim com Samuel. A palavra viva era o centro da visão. “Naqueles dias a palavra
do Senhor era mui rara, as visões não eram freqüentes” (I Sm 3:1). Mais tarde quando
Samuel aprendeu a ouvir e identificar a voz de Deus, as circunstâncias mudaram. “Crescia
Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra.
Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como
profeta do Senhor. Continuou o Senhor a aparecer em Silo,enquanto por sua palavra se
manifestava ali a Samuel” (I Sm 3:19-21). Samuel trouxe esta palavra viva para Davi e este
soube que estava para ser rei. Essa palavra dirigiu a vida de Davi para que ele se tornasse
um homem segundo o coração de Deus, um homem de visão. Não somente o inspirou, mas
também o restringiu, disciplinando-º Saul geralmente fazia o que era reto aos seus próprios
olhos. Davi vivia coagido. Ele se recusou a matar Saul para obter seu reino antes do tempo.
Quando seus valentes lhe trouxeram um cantil de água do poço de Belém, Davi valorizou
mais o amor e devoção deles do que seu próprio desejo e derramou a água como uma
oferenda a Deus.
Como rei ele foi misericordioso e não se vingou de seus inimigos. Tirando o incidente
com Urias, houve uma evidente falta de interesse próprio e auto-justificação na vida de Davi.
Esses incidentes têm me desafiado e encorajado em algumas dificuldades recentes. A visão
de que Deus está falando e fazendo pode nos libertar de autofavorecimento e proteger-nos
de cuidar de nossa própria vida.

A palavra viva, então, vem para produzir visão que por sua vez nos introduz na
vontade de Deus. Substitui o que é certo aos nossos próprios olhos pelo que é certo aos
olhos de Deus. O Espírito de Deus está se movendo poderosamente hoje não para
satisfazer desejos e ambições pessoais, mas para nos levar ao domínio do governo de
Deus, para nos introduzir no seu reino. A restrição disciplinadora da visão pode nos
introduzir na plenitude de nossa herança.
Este livreto foi traduzido de uma série de artigos publicados originalmente nos números 3 e 9
da revista “Proclaim”.
Os direitos autorais pertencem a:
Andrew McFarlane,
113 Springwood
Llandeyrn, Cardiff CF2 6UE

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