sábado, 26 de novembro de 2011

• Igreja Gloriosa, Santa e Sem Defeito

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra.
Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado.
Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Deus estava irado, e com muita razão. Menos de seis semanas antes, o povo recém-redimido lhe havia prometido fidelidade e afirmado a intenção de obedecer aos seus mandamentos. Agora, porém, haviam desprezado a graça divina, flagrantemente violando a primeira e mais fundamental de suas leis.

Só a intercessão fervorosa de Moisés, seu servo, deteve a mão de Deus e impediu-o de destruir a congregação inteira em um instante.

Com o afastamento de um juízo final e cataclísmico, Deus passou a dar instruções a Moisés para que ele pudesse conduzir o povo até a Terra Prometida. Prometeu-lhe que a nação seria sustentada por ele e protegida por ele. Um anjo seria destacado para mostrar o caminho. O próprio Deus, porém, não iria com eles, “para que te não consuma eu no caminho” (Êx 33.3).

Porém, mesmo com o misericordioso perdão de Deus e de sua graciosa oferta, Moisés não ficou satisfeito. Continuou insistindo: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar” (v.15). Em outras palavras: “Deus, se tu não fores conosco, nós não vamos sair daqui!”

O líder desesperado prosseguiu em sua oração, explicando para Deus que a presença dele era a única coisa que pudesse separar seu povo de todos os outros que havia no mundo. Na ausência da presença de Deus, nada mais serviria para distingui-los de qualquer outra pessoa.

Por que a presença de Deus não poderia mais acompanhá-los? A explicação é simples: Deus é santo. Sua presença não pode coexistir com um povo que não é santo.

Foi por isso que, 40 anos mais tarde, quando o povo se preparava para entrar em Canaã, Moisés advertiu: “Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meio do teu acampamento...; portanto, o teu acampamento será santo, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti” (Dt 23.14).

O profeta Habacuque afirmou com reverência: “Não és tu desde a eternidade, ó Senhor, meu Deus, ó meu Santo? [...] Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar” (Hc 1.12-13).
Os israelitas do Velho Testamento foram lembrados muitas vezes desse fato. No incidente do bezerro de ouro, mais de 3 mil pessoas perderam a vida por causa do pecado da nação (Êx 32.25-28). Por quê? Porque Deus é santo.

No caminho de Sinai para Cades-Barneia, o fogo de Deus consumiu muitos que o desagradaram com suas murmurações e reclamações (Nm 11.1-3). Por quê? Porque Deus é santo.

Pouco tempo depois, uma geração inteira foi condenada a morrer no deserto (Nm 14.26-35). Por que razão? Porque Deus é santo e não pôde ignorar seu pecado de incredulidade.

Quando 250 líderes da nação iniciaram uma revolta contra Moisés, a terra abriu sua boca e engoliu o cabeça do levante, enquanto os demais foram destruídos por fogo (Nm 16.1-35). Por quê? Porque Deus é santo.

Muitos anos depois, Deus revelou a Ezequiel por que era justo ele ter enviado a nação para o cativeiro. Numa visão, o homem de Deus foi transportado, não para o distrito de prostituição, não para as tabernas ou alguma sede do governo, mas para o templo em Jerusalém. Desde o átrio exterior até o Santíssimo Lugar, idolatria e sensualidade estavam por toda parte.

Deus disse para o profeta: “Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?” (Ez 8.6).

Quando Deus proclamou juízo sobre a nação apóstata, ele disse aos que foram encarregados de executar a sentença: “... começai pelo meu santuário” (Ez 9.6).

Talvez, Pedro estivesse se lembrando dessas palavras quando escreveu à igreja no Novo Testamento: “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada” (1 Pe 4.17).

Veja bem: Deus não está menos comprometido com santidade no Corpo de Cristo agora do que estava quando lidava com a nação de Israel. A palavra santo é usada nada menos do que 30 vezes no Velho Testamento, só para se referir ao tabernáculo em que a glória de Deus habitava. Cada peça dos móveis e utensílios teria de ser santa – purificada e consagrada para o uso de Deus. Os sacerdotes tinham de ser santos. Até suas roupas tinham de ser santas.

Quanto mais devemos nós ser santos, pois estamos sendo “juntamente... edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2.22). “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16).
Vamos considerar, resumidamente, cinco questões em relação ao nosso chamado para ser um templo santo para o Senhor.

Por que a Igreja deve ser santa?

Devemos ser santos porque somos a habitação de um Deus santo. Um templo que não é santo não é um lugar adequado para o nosso Deus.

Devemos ser santos porque fomos comprados e lavados por um Salvador santo. Não pertencemos a nós mesmos. Fomos comprados com o preço infinito do sangue e da vida dele.

Devemos ser santos porque fomos justificados com o objetivo de sermos santificados. Cristo “amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra...” (Ef 5.25-26).

Ser santo é nossa vocação. O propósito de Deus para a Igreja não é que ela tenha miríades de programas, grandes orçamentos nem que seja capaz de fazer as pessoas se sentirem bem. Seu propósito é tornar-nos santos.
Devemos ser santos, porque somos a Noiva de Cristo. Paulo escreveu à igreja carnal em Corinto: “Porque zelo [sentido original: tenho ciúme] por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Co 11.2).

Fomos comprometidos em casamento a um Cristo santo. Assim como o vestido branco da noiva representa a mulher que se guardou em castidade e pureza para seu noivo, nosso anseio é estar diante dele um dia vestidos de branco. Poder fazer isso nos trará incalculável alegria.

“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19.7,8). Nossa castidade como Noiva, comprometida a ele aqui na Terra, é motivada por nossa expectativa da gloriosa consumação do nosso amor por ele na eternidade.

O que significa ser santo?

Ser uma Noiva santa significa ser puro em todo o nosso ser. Sem dúvida, inclui ser irrepreensível em todas as questões que são visíveis aos outros: na conduta, na conversa, no modo de se vestir, nos hábitos e no estilo de vida.

A santidade é bem mais profunda, porém, do que aquilo que pode ser avaliado pelos homens. A verdadeira santidade é produzida no coração do cristão, pelo Espírito Santo que habita nele. Significa ser puro no interior, onde somente Deus consegue ver. Significa ter somente atitudes, valores, pensamentos e motivações que sejam santos. Ser santo é ser como Jesus: “… santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7.26). É ser sem mácula, sem fingimento, sem qualquer espécie de falsidade ou engano.

Infelizmente, a Igreja tem se avaliado de acordo com os padrões do mundo e tem se contentado em ser “relativamente” santa. Em outras palavras, em comparação com a sociedade em geral, consideramos que estamos razoavelmente bem. Entretanto, não existe santidade “relativa”. Não dá para ter só um determinado grau de santidade. Ou a Igreja é santa ou está contaminada.

Paulo queria que os coríntios fossem diligentes e exaustivos na eliminação de todo o fermento da igreja. Nas Escrituras, fermento geralmente é uma figura de pecado, de algo que contamina. “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (1 Co 5.6). Não se pode permitir que qualquer coisa impura venha macular a casa do Deus santo.

Como C. H. Spurgeon afirmou com tanta clareza: “Não temos necessidade alguma de temer excessiva rigidez na eliminação do pecado. Com o mesmo zelo do israelita que expurgava todo o fermento de sua casa [em preparação para a Páscoa], nós devemos nos livrar de todo pecado da nossa vida, conduta e conversa.”

Quais são as coisas que contaminam o Templo de Deus?

Podemos dizer, com toda propriedade, que qualquer desvio do caráter santo de Deus, qualquer violação de sua santa Palavra contamina o Corpo de Cristo. Porém, as Escrituras destacam vários pecados específicos que entristecem mais o Espírito de Deus.

No Velho Testamento, houve diversas ocasiões em que Deus julgou seu povo pelos pecados de idolatria, murmuração, descontentamento, cobiça, incredulidade e rebeldia contra autoridades designadas por Deus. Quer o pecado fosse cometido por um líder, um indivíduo ou pela congregação inteira, um preço elevado sempre era exigido quando se contaminava a nação à qual Deus confiara sua glória. “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa...” (1 Co 10.11).

O apóstolo Paulo escrevia frequentemente para as igrejas no Novo Testamento sobre diversos pecados que contaminavam o Corpo. Advertia-as para que eliminassem qualquer coisa que pudesse ofender um Deus santo e entristecer seu Espírito Santo.

Por exemplo, impureza doutrinária de toda espécie era perigosa e não podia ser tolerada. Paulo sabia que, em última análise, a doutrina determina a prática; doutrina falsa inevitavelmente resulta em práticas erradas. Ele ensinava que as pessoas encarregadas da liderança espiritual da igreja possuem uma imensa responsabilidade para proteger os cristãos de ensinamentos ou filosofias que não são bíblicas.

Paulo também tratou da questão de conduta inapropriada na igreja. Quer no exercício de dons espirituais, quer no papel de mulheres em cultos públicos ou, ainda, no caso de cristãos que se recusavam a trabalhar e ainda esperavam que a igreja suprisse suas necessidades materiais, o Corpo inteiro era afetado quando se deixava de seguir o padrão divino.

Em diversas ocasiões, Paulo expressava grande preocupação por causa de membros contenciosos que eram culpados de criar divisões no Corpo. Esses cismas eram, invariavelmente, uma evidência de orgulho. Ele repreendia aqueles que queriam fazer de suas preferências padrões absolutos, como também os que exaltavam meros homens acima do senhorio de Cristo, o Cabeça da Igreja. Aqueles que ameaçavam a unidade da Igreja estavam, na verdade, destruindo o Corpo que pertence ao próprio Cristo.

Paulo usava advertências especialmente severas quando se tratava de tolerar impureza moral na igreja. Ele ficou estarrecido ao tomar conhecimento que alguém que se dizia cristão, na igreja em Corinto, estava envolvido num relacionamento incestuoso. Porém, ao invés de confrontar diretamente a pessoa em pecado, Paulo repreendeu duramente a igreja por não ter tratado do assunto.

É bem provável que os crentes em Corinto tivessem adotado a filosofia tão prevalecente nas igrejas hoje: “Não é minha responsabilidade... Eu não sou a pessoa culpada... Tenho certeza de que ele não teria me ouvido se eu tivesse tentado dizer alguma coisa... Provavelmente seria melhor se outra pessoa conversasse com ele... Além do mais, realmente não é da minha conta...”

Com certeza, eles não estavam percebendo o quanto o Corpo inteiro estava sendo afetado pelo pecado de um membro não arrependido. Possivelmente, alguns estivessem até encobrindo algum pecado particular em sua própria vida, o que lhes tornava mais difícil confrontar o pecado de outra pessoa. Seja como for, estavam mantendo as atividades da igreja normalmente, como se não houvesse nada de anormal, inconscientes da infecção sutil que estava se alastrando no Corpo inteiro por causa do pecado não confessado de um homem. Era imperativo, insistia Paulo, que essa questão fosse tratada de maneira rápida e meticulosa.

Paulo enfatizou, muitas vezes, a necessidade de ter absoluta pureza moral na Igreja de Jesus Cristo, que entregou a própria vida para santificá-la. “Mas a prostituição e todo tipo de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionados entre vós, como convém a santos, nem haja indecências, nem conversas tolas, nem gracejos obscenos... Pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que eles [as pessoas não regeneradas] fazem às escondidas” (Ef 5.3-4,12). O que ele está dizendo? “Vocês são santos! Portanto, vivam como santos! Não permitam que pecado algum, por menor que seja, contamine o templo de Deus.”

Quais são as consequências da falta de santidade na Igreja?

Uma igreja que não é santa vai perder o senso da presença de Deus, e isso destrói sua capacidade de experimentar comunhão com ele. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). “Segui ...a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Um pregador de santidade, em outra época, lembrou seus ouvintes que “a comunhão do Céu não pode ser experimentada onde o fermento do inferno é tolerado”.

Uma igreja sem santidade é uma igreja impotente. O pecado que não for tratado como Deus exige privará a igreja do poder sobrenatural que o Espírito opera em seu favor. Na véspera da passagem pelo rio Jordão para entrar na Terra Prometida, Josué não convocou uma reunião do Conselho para determinar a melhor estratégia para chegar ao outro lado. Ele não programou uma apresentação de cantor popular para animar o povo para o desafio do dia seguinte. Nem mesmo chamou uma reunião de oração. Pelo contrário, exortou a todos: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). Somente a indisposição de abandonar todo pecado conhecido poderia limitar a poderosa mão de Deus.

Uma igreja sem santidade perde seu testemunho, sua marca característica no mundo. Quando Deus falou com Moisés que a nação rebelde teria de entrar na Terra Prometida sem a presença dele, Moisés protestou: “Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Êx 33.16).

Sem santidade genuína e prática, não podemos experimentar a presença manifesta e a glória de Deus no nosso meio. E sem a sua presença, não temos nenhuma diferença essencial de qualquer clube social ou instituição religiosa.

Jesus advertiu a igreja de Éfeso que havia se afastado do seu primeiro amor: “... e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5). A igreja que trocou valores eternos e celestiais pelas coisas deste mundo e que se recusa a arrepender-se do seu pecado contra o Senhor da igreja poderá ter sua luz apagada e não ser mais capaz de atrair as pessoas a Cristo.

A Palavra de Deus promete que haverá uma consequência especialmente severa para os indivíduos que forem responsáveis por contaminar sua igreja. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co 3.17).

Deus leva a sério a pureza do seu templo, e aqueles que ousam promover ou tolerar elementos de contaminação no Corpo de Cristo terão de pagar um alto preço por isso. Na verdade, a igreja inteira paga o preço quando não mantém santidade coletiva.

Como se pode manter a pureza no Corpo de Cristo?

Há responsabilidade pessoal e coletiva para a preservação da pureza da igreja.

Em 1 Coríntios 11, Paulo trata com a necessidade de cada cristão individual ser purificado de todo pecado conhecido. Primeiro, ele nos exorta a examinar a nós mesmos (v.28). Compare sua vida honesta e humildemente ao padrão imutável e absoluto das Escrituras e ao coração e vida de Jesus. Seja meticuloso. Não permita que um pecado sequer, por menor que seja, escape ao escrutínio da santidade de Deus e do holofote do seu Espírito.

Em seguida, Paulo nos instrui a julgar a nós mesmos (v.31). Concorde com Deus que todo pecado é um grande ato de rebeldia contra o Senhor do universo. Reconheça a seriedade de cada pensamento, palavra ou ação impura. E seja rápido para arrepender-se do pecado, colocando-o debaixo do sangue de Cristo e renunciando e abandonando-o totalmente.

Entretanto, não é suficiente tratar somente com os pecados pessoais. Carregamos, também, uma enorme responsabilidade de ajudar a preservar a santidade na igreja. Somos todos membros de um Corpo. Quando um membro peca, todos carregamos o fardo e a vergonha do seu fracasso. Não podemos ignorar aqueles que violam o padrão da justiça de Deus. Por outro lado, não devemos atacar e destruir as pessoas que estão caídas. O que devemos fazer, então? Paulo nos dá a resposta.

Primeiro, devemos restaurar o irmão que ofendeu, usando os passos bíblicos de disciplina. Esse processo requer que repreendamos ou corrijamos o irmão com amor e humildade (Gl 6.1; Mt 18.15). Isso significa que devemos mostrar à pessoa como sua conduta não atinge o padrão da santidade de Deus e da sua Palavra.
Se necessário, outras pessoas podem ser chamadas para confrontá-lo como grupo. E, como recurso final, pode ser que ele tenha de ser levado diante de toda a congregação.

Indiferente do que for necessário em cada situação, o importante é lembrar sempre que o objetivo não é punir o ofensor, mas restaurá-lo à obediência e manter a santidade no Corpo. Por meio da oração, em resposta a uma repreensão sábia, feita em amor, os olhos dele poderão ser abertos, levando-o ao verdadeiro arrependimento.

Quando isso acontece, mesmo que haja necessidade de um período de restauração, e ainda que seu ministério futuro possa ser limitado (dependendo na natureza do pecado), o Corpo terá todo o prazer em “perdoar-lhe e confortá-lo” e em “confirmar para com ele” o seu amor (2 Co 2.7-8). Em outras palavras, o Corpo deve continuar provando seu amor para ele, caminhando ao seu lado por todo o processo até chegar à completa restauração.

E o que acontece se o ofensor não se arrepende quando é corrigido? É nesse ponto que a igreja, muitas vezes, se omite em relação às instruções da Palavra de Deus, trazendo consequências trágicas para o Corpo inteiro. Quando escreveu à igreja em Corinto sobre o homem incestuoso, Paulo deixou claro que o membro do Corpo que não se dispõe a arrepender-se e a abandonar o pecado deve ser removido da comunhão, para não contaminar a igreja (1 Co 5.7,13). Não se pode permitir que ele continue a desfrutar dos benefícios e privilégios da comunhão com o povo de Deus.

Por mais que isso pareça severo ou exagerado a alguns, Paulo mostrou que tal atitude é a que mais beneficia, na verdade, tanto o pecador, que pode ser motivado a arrepender-se, quanto da igreja, que será preservada de contaminação espiritual.

De modo geral, a igreja das últimas décadas não se tem mostrado disposta a assumir responsabilidade por tratar com o pecado no meio dela. O caminho mais fácil é simplesmente deixar essas coisas de lado. Envolver-se no processo de disciplina e restauração requer tempo, esforço e energia. Requer que tenhamos disposição de abandonar todo pecado conhecido na nossa própria vida. Geralmente, esse não é o caminho mais fácil nem o mais conveniente. Porém, é o caminho do verdadeiro amor. É o caminho da santidade. É o caminho de Deus.

Alguns gostam de se apegar ao texto: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1), como desculpa para deixar de se envolver na restauração de irmãos caídos. Mas a Palavra de Deus ensina claramente que devemos julgar “os de dentro” (1 Co 5.12), ou seja, os que fazem parte do Corpo de Cristo. Pureza na igreja é a responsabilidade de todo cristão. “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (v.13). “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa” (v.7).

Em seu poderoso sermão sobre esse texto, C. H. Spurgeon conclamou a Igreja de Jesus Cristo a fazer tudo o que fosse necessário para preservar a pureza:
Quando se toleram impurezas na igreja, logo as pessoas começam a dar desculpas pelo pecado, depois a liberá-lo plenamente e, finalmente, a permitir que se introduzam outros pecados ainda piores. O pecado é como uma embalagem de mercadorias que chegou do Oriente a esta cidade, em tempos antigos, trazendo no seu conteúdo a peste. Provavelmente, era uma embalagem pequena, mas trazia contaminação letal e morte para centenas de habitantes em Londres. Um pequeno trapo, naquela época, podia levar infecção a uma cidade inteira.

Da mesma forma, se você permite, conscientemente, que um pecado continue dentro da igreja, ninguém conseguirá avaliar a extensão final do dano a ser causado por aquele mal. A igreja, portanto, precisa ser purificada de todo o mal, com a máxima diligência possível. Qualquer elemento azedo ou corrompido, qualquer coisa abominada por Deus precisa ser expurgada. É responsabilidade do ministro cristão e de todos os seus colaboradores manter a igreja livre de todo e qualquer elemento de contaminação.

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra. Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado. Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Portanto, tenhamos empenho em nos arrumar para o casamento com o Cordeiro, a fim de podermos estar “vestidos de linho finíssimo, resplandecente e puro” (Ap 19.8) e de sermos apresentados a ele como “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27).
Publicado originalmente por Life Action Ministries. Usado com permissão.
por Del Fehsenfeld, Jr.

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