domingo, 29 de janeiro de 2012

Escolhendo um Cônjuge

Por: Stephen Kaung

A família não é uma ideia humana – é um conceito divino. Faz parte integral do propósito de Deus na criação e, também, na redenção. De acordo com Atos 16.31, é a unidade básica para a salvação:
“Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.

Sendo a família algo tão importante, sua formação deve ser tratada como um assunto muito sério. Se quisermos ver o propósito de Deus cumprido na família, se quisermos ver a glória de Deus manifesta na família, devemos ser cuidadosos, diante do Senhor ao formarmos uma família.

Isso é muito importante, pois a escolha do cônjuge não afetará somente o futuro de sua família, mas também a segunda geração e, talvez, ainda outras. Pode influenciar a Igreja, a sociedade e, assim, todo o mundo; mais do que isso, pode afetar o propósito e a glória de Deus.
Há uma história muito bonita na Bíblia a respeito de como escolher um cônjuge, que gostaríamos de usar como ilustração. Encontra-se em Gênesis 24.

O Casamento se Origina em Deus

Em primeiro lugar, descobrimos que foi Abraão quem iniciou a busca pela esposa para Isaque. Abraão, nessa história, representa Deus. Deus é o originador do casamento, é o originador da família. No início, quando criou o homem, ele disse: “Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). Em relação a tudo o que diz respeito ao casamento, à união entre duas pessoas, precisamos reconhecer que a iniciativa deve vir de Deus.

Física e psicologicamente, quando o jovem chega a determinado ponto, ele começa a sentir necessidade de uma companheira, de uma família. Diante disso, ele pode pensar: “Essa é uma necessidade humana. Por isso, devo sair por aí e tentar supri-la”. Como cristão, porém, você deve lembrar-se de uma coisa: essa necessidade vem de Deus. Ele o criou de maneira tal que sinta essa falta.

Como é algo que vem de Deus, a primeira coisa a fazer não é tentar supri-la por conta própria, mas voltar-se para ele e dizer-lhe: “Senhor, tu colocaste essa necessidade dentro em mim; agora, tu deves supri-la. O Senhor vai encontrar o cônjuge certo para mim. Estou esperando que tu escolhas meu cônjuge”.

Em certo sentido, somos nós que escolhemos; mas em outro, não. É Deus quem escolhe nosso cônjuge. Por isso, não pense que é embaraçoso levar tal assunto a ele. Como crentes, gostamos de levar cada problema que temos a Deus; essa, porém, dentre todas as nossas necessidades, é uma que afetará toda a nossa vida.

Vá à Minha Terra Natal

Abraão chamou seu mordomo e o fez jurar, dizendo: “Não tome mulher para meu filho dentre as mulheres dos cananeus onde eu habito agora. Volte à terra da minha parentela e tome de lá uma esposa para meu filho”. Aqui descobrimos o segundo princípio.

O servo de Abraão representa o Espírito Santo. O propósito é de Deus, e o Espírito Santo é quem opera. Se encomendar esse assunto a Deus, você descobrirá que o Espírito entrará em ação. Porém, se não o encomendar ao Pai Celestial, o Espírito Santo não terá a oportunidade de trabalhar em seu favor. Nesse caso, você terá de trabalhar por si mesmo. Quantos jovens estão se matando de trabalhar nesse assunto! Quão facilmente são enganados; quão facilmente caem em uma armadilha e não conseguem livrar-se dela! Mas, se levarmos esse assunto ao Pai Celestial, o Espírito Santo agirá por nós.

O servo, então, começou a agir. Havia um princípio claro: “Não tome esposa dentre as mulheres dos cananeus, mas volte à minha terra natal”. Deus nos deu um limite, uma esfera de ação. Dentro desta esfera, o Espírito Santo procurará um cônjuge para você. Se você tentar sair desse limite, o Espírito Santo não estará lá trabalhando em seu favor. O limite é: vá para minha terra natal, entre a minha parentela. Espiritualmente falando, significa que Deus estabeleceu um limite para cada pessoa dentro do qual, pelo Espírito Santo, elas podem buscar um cônjuge: entre a parentela, entre crentes, entre aqueles que são da família de Deus.

Não Vos Ponhais Em Jugo Desigual Com os Incrédulos

Em 2 Coríntios 6, Paulo diz: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos”. Nós, crentes, somos exortados a não nos prendermos a um jugo desigual com os incrédulos, porque, numa família, num casamento, marido e mulher são colocados juntos por toda a vida. A seguir, ele dá várias razões para isso, dentre as quais queremos destacar uma.

“Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente…” No que diz respeito a nosso propósito de vida, somos o templo de Deus. Estamos aqui para permitir que Deus viva em nós e para servi-lo. Mas, no que diz respeito às pessoas deste mundo, elas servem aos ídolos, a outros interesses e senhores. Não há concordância.

Se você está se exercitando nesse assunto de encontrar seu cônjuge, não vá às filhas dos cananeus. Em outras palavras, não encontre seu cônjuge entre pessoas que não servem ao Senhor, mas entre aqueles que são da família de Deus.

Alguns dirão: “Bem, se eu tentar encontrar um cônjuge entre os incrédulos, eu posso levá-lo a Jesus”. Um dia, uma irmã foi até Spurgeon, aquele grande pregador, e perguntou-lhe: “Qual é o problema em eu me casar com um incrédulo? Eu poderia levá-lo ao Senhor. Isso não é bom?”

Spurgeon disse: “Tudo bem, vamos fazer uma coisa”. Havia uma mesa na casa. Ele pediu à jovem irmã para subir na mesa. Ela não sabia por que ele queria que fizesse aquilo, mas atendeu ao pedido e ficou de pé sobre a mesa. Então, Spurgeon estendeu a mão e disse-lhe: “Me puxe para cima”. No entanto, a irmã é que foi puxada para baixo. Ela não pôde puxar Spurgeon para cima da mesa.

Então, Spurgeon falou: “Se você quiser se casar com um incrédulo, isso é o que acontecerá. Você pensa que pode puxá-lo para cima, mas você será puxada para baixo”.

Muitas famílias terminaram em grandes tragédias porque, logo no início, aquele que era crente menosprezou a Palavra de Deus. O Espírito Santo sempre opera segundo a orientação da Palavra. Não devemos esperar que ele trabalhe por nós em desacordo com o que Deus afirma.

Contudo, se obedecemos a Deus, podemos contar com sua operação em nosso favor.

O Lugar da Graça

Observe como o servo de Abraão foi encontrar a companheira para Isaque. Mesmo na cidade de Naor, havia muitas mulheres, muitas virgens que ainda não eram casadas. O servo era um estrangeiro naquela cidade. Como iria encontrar uma mulher para o filho de seu senhor ali?

Naqueles dias, normalmente havia um poço fora da cidade ou na praça. Era o lugar para onde as mulheres iam com seus cântaros com a intenção de tirar água e levar para casa. Assim, quando o servo veio à cidade de Naor, ele sabia aonde ir. Ele foi ao poço, fez com que os camelos se ajoelhassem e, então, começou a orar.

O que o poço representa? Nas Escrituras, poço sempre indica graça. Do poço, vem água viva, o que representa o Espírito da vida. Isso é graça.

Assim, aonde o servo deve ir? Em primeiro lugar, à cidade de Naor; em segundo lugar, ao poço. Espiritualmente falando, podemos dizer que o poço é onde os crentes se reúnem, em torno do Senhor, onde podem receber a graça de Deus. É para esse lugar que você deve ir para encontrar um cônjuge. Você não deve ir a uma danceteria, a um cinema, a uma pista de corridas, a um comício político ou a uma reunião social para encontrar seu cônjuge, mas à igreja, ao local onde o povo de Deus vai buscar água, aonde vai buscar a vida de Deus. É nesse lugar que você encontrará seu(sua) companheiro(a) para a vida toda.

Se você está procurando um cônjuge, confie que o Espírito Santo o guiará e o conduzirá; porém, você precisa ir ao lugar certo. Não vá ao mundo para tentar encontrar um companheiro, vá ao povo de Deus. Lá, enquanto você busca água e aprende a servir juntamente com os santos, o Senhor lhe revelará quem é seu cônjuge. Apenas ore e confie isso ao Senhor.

Dois Extremos

Podemos tornar esse assunto de escolher um cônjuge muito espiritual ou meramente humano. Podemos ir para os dois extremos. Algumas pessoas o tornam completamente humano, deixando Deus de lado. Eles dizem: “Bem, tenho uma necessidade. É algo físico, algo que faz parte deste mundo. Sou eu que devo escolher um companheiro”. Então, eles vão em frente e tornam-se muito ativos, procurando um cônjuge. Vão a todo tipo de reunião social para ter mais oportunidades de escolher. Ficam muito envolvidos nesse assunto, mas nunca oram. Esse é um extremo.

Podemos ir, também, para o outro extremo e nos tornar muito espirituais — superespirituais, pseudoespirituais. Isto é, você confia o assunto ao Senhor e deixa tudo para ele. Com isso, você se assenta e fica muito passivo. Você nem mesmo coopera com o Espírito Santo. Isso é ser pseudoespiritual. Você sabe, em todas as coisas espirituais, precisamos ser passivamente ativos. É assim em todas as coisas espirituais. Seja lendo as Escrituras, seja fazendo outras coisas ou escolhendo um cônjuge, nossa atitude precisa ser sempre passivamente ativa. Isso significa que precisamos confiar esse assunto ao Senhor e estar alerta à direção do Espírito Santo, aprendendo a cooperar.

Caráter

O servo orou: “Quando as mulheres vierem pegar água, se eu disser: ‘Dá-me de beber’…” Lembre-se de que ele não tinha a intenção de perguntar a cada mulher. Ele poderia ficar lá perguntando a centenas de mulheres porque, provavelmente, centenas de mulheres iam ao poço pegar água. Se ele perguntasse a cada mulher, ficaria muito confuso. Ele simplesmente disse: “Senhor, quando as mulheres vierem, irei observá-las. Então, vou conversar com aquela que eu notar”.

Assim é que se escolhe o cônjuge. Por um lado, você confia a questão ao Senhor. Seu coração está aberto para ele. Você quer que ele escolha para você. Se você tem esse tipo de atitude e está orando, então comece a observar. Você não pede a qualquer um ou a todos, mas quando alguém vem e, de alguma forma, você sente que deve iniciar algo, nesse instante você pede.

Evidentemente, ao fazer isso, você levará em conta a aparência exterior. Embora a aparência exterior não seja tudo, ela revela mais do que muitos pensam. Quando o servo observava, ele avaliava diversos aspectos. Certamente, queria encontrar beleza, mas, em cada atitude, no modo dela de agir, ele descobriria muito a seu respeito. Se estivermos emocionalmente envolvidos, nos tornaremos cegos. Mas se pudermos ficar de lado e observar o que o Senhor fará, então tudo se resolverá.

E, de fato, Deus lhe respondeu rapidamente. “Eis que Rebeca veio”. Ela era muito bela e era uma virgem. Como o servo sabia? Ele não sabia.

Deus sabia. Ele apenas sabia que ela tinha boa aparência, mas, enquanto observava, o servo sentiu que havia um potencial ali. Havia mais em Rebeca do que apenas uma boa aparência. Algo mais foi revelado, talvez pelos seus modos, pelo seu jeito. Assim, quando ela tirou a água, o servo foi adiante e pediu a ela um pouco de água de seu cântaro para beber.

Observe o que Rebeca fez. Apressando-se, deitou o cântaro e disse: “Beba, e eu também darei de beber aos camelos”. Ela começou a pegar e despejar a água no bebedouro para que os camelos bebessem. O servo tinha dez camelos. Depois de os camelos terem atravessado o deserto, deviam estar muito sedentos. Para satisfazer a sede de dez camelos, a mulher teve de tirar muita água! Dar de beber a um homem velho é uma coisa, mas dar de beber a dez camelos é muito trabalho. Os camelos podem beber, beber e beber. Conseguem armazenar água para mais uma jornada distante.

Aqui você descobre que, a fim de encontrar uma esposa para Isaque, o servo estava olhando para algo além do físico. No que diz respeito ao físico, a mulher poderia ser de boa aparência. Além disso, porém, o servo estava em busca de caráter. Para uma mulher ser uma esposa, ela tem de ser compassiva, cuidadosa, generosa, amiga, hospitaleira, diligente. Essas marcas de caráter são muito, muito importantes. Para uma mulher dar de beber a um estrangeiro, isso é cuidado; mas sua compaixão e seu cuidado foram estendidos, não somente ao homem, mas também aos animais. Havia algo naquele caráter. Observe quão diligente ela era. Ela não estava tentando fazer o mínimo de trabalho possível. Ela não tinha medo de trabalhar. Era diligente e hospitaleira. Essa seria uma boa companheira para Isaque.

A segunda parte de Provérbios 31 é linda. Espero que todos os jovens solteiros a leiam muitas vezes. Lá, você descobrirá essa mulher cujo valor é tremendo. Que tipo de mulher ela é? Ela é diligente, cuidadosa, generosa. Ela abre os braços aos pobres e estende as mãos aos necessitados. Ela abre a boca com sabedoria, e a instrução fiel está em sua língua. Ela cuida da sua casa e não come o pão da preguiça. Seus filhos se levantam e a chamam de bem-aventurada. Seu marido também a louva dizendo: “Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.

Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”. Isso é caráter.

Aqui, então, você descobre que, na escolha de um cônjuge, não é apenas a beleza física que conta, mas a beleza interior, o caráter. Isso é muito, muito importante. Quer seja homem, quer seja mulher, certas marcas de caráter são importantes.

O Espírito de Adoração

Durante todo aquele tempo, o servo apenas ficou ali de pé e observou. Ele apenas observava como Deus trabalharia. Quando tudo terminou, ele pegou um pendente e duas pulseiras de ouro, deu-os à mulher e disse: “Qual é seu nome? De que família você vem? Há lugar para mim, meus servos e os camelos pousarmos?”

Rebeca disse ao servo que ela vinha da família de Abraão, de Naor, e que havia pousada em sua casa. Você sabe o que o servo fez? Ele se ajoelhou e adorou a Deus. O espírito daquele servo, por todo o capítulo, é o espírito de adoração.

Não faça desse assunto algo comum, que nada tenha a ver com adoração. Não. Se você confiar esse assunto ao Senhor, se esperar no Espírito Santo, se realmente andar em seus caminhos, você verá como o Espírito de Deus trabalhará e ficará apenas como alguém que observa. Isso extrairá de você adoração. A cada passo, produzirá adoração.

Quanto da nossa procura nos leva à adoração hoje? Mas isso é o que deveria acontecer. Todo o processo deveria ser uma questão de adoração, vendo Deus trabalhar em favor do seu próprio propósito. Oh, quão belo isso será!

Stephen Kaung é ministro da Palavra, conferencista e autor de vários livros. Trabalhou durante muitos anos na obra do Senhor ao lado de Watchman Nee, na China. Além de atuar em várias outras áreas do ministério, foi tradutor e publicador de muitos livros de Watchman Nee em inglês. Reside atualmente na Virgínia, EUA.

Este artigo foi adaptado de um capítulo do livro O Propósito de Deus Para a Família, Edições Tesouro Aberto, de Stephen Kaung. revista impacto-fonte

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