domingo, 15 de janeiro de 2012

jonh walker


John Walker nasceu em São Francisco, Califórnia, em 25 de julho de 1922. Desde muito jovem, já mostrava sinais de que não seria uma pessoa comum. Membro de uma família capitalista e próspera financeiramente, não conseguia aceitar isso como alvo para sua vida. Queria fazer algo em beneficio da humanidade. Pensou em medicina, se envolveu com o socialismo e budismo. Fez o primeiro ano de três faculdades diferentes, as quais abandonou. Tudo isso entristecia seu pai, mas ele o respeitava e ainda arcava com todas as despesas.

Aos 19 anos resolveu frequentar uma igreja. Nesta época, em uma manhã de domingo, teve a maior visitação de Deus que já experimentou em toda sua vida. Seu quarto foi tomado por uma fusão de sons, luzes e cores. A presença divina descia por aquela luz, provocando nele um profundo sentimento de reverência. Mesmo sem uma compreensão do caminho da salvação exposto nas Escrituras, abandonou seus projetos pessoais e entendeu que Deus era a resposta para sua busca desesperada pela Verdade. Para conhecer a Deus e aprender como servi-lo, se matriculou em um seminário teológico, mas também abandonou este curso, e logo no primeiro dia – não queria ser um religioso profissional.

Dois anos se passaram e, nessa busca por encontrar o Caminho, a Verdade, a Vida, começou a sofrer uma tormenta física e mental que o acompanharia por mais três anos. Procurou ajuda na Teosofia, mas foi com o livro “Praticando a presença de Deus”, do irmão Lawrence, um monge católico, que sua vida começou a se acertar. Então, entendeu que a resposta estava no catolicismo, e começou a estudar diariamente com um padre. Em pouco tempo se decepcionou, mas desta vez recebeu um conselho de seu amigo John Manchester: “Você não precisa filiar-se à igreja católica. Retenha dela o que é bom. Continue a buscar a Deus como um católico no espírito, mas de forma independente”.

Através da leitura do Diário de George Fox, o fundador dos Quakers, compreendeu que a luz que invadiu seu quarto era o mesmo Jesus das Escrituras. Mudou-se para Pasadena, Califórnia, onde morava e trabalhava como professor em uma instituição dos Quakers. Apesar de todo seu esforço, não conseguia se santificar, mas entendia que ir para o inferno destruiria o propósito de Deus para sua vida. Nesta angustia, finalmente se rendeu ao Senhor e, como no livro “O Peregrino”, um imenso fardo caiu de suas costas, enquanto contemplava a cruz de Cristo. Esse foi o testemunho de sua conversão.

Nesta época conheceu Ruth, uma linda jovem, formada na Universidade da Califórnia, muito dedicada ao Senhor, com quem veio a se casar em agosto de 1947. Logo em seguida, foram morar em uma chácara na cidade de Bloomington, com o objetivo de viver de forma simples, fora do sistema do mundo, e buscando a Deus intensamente.
Por sugestão de Ruth, começaram a ler a Bíblia juntos, diariamente, e este hábito permaneceu por toda a vida do casal. À medida que os filhos alcançavam três ou quatro anos de idade, o altar familiar ia ganhando mais um membro. Na prática, este foi um curso bíblico intensivo e diário para os filhos, que durou até o dia deles casarem. A casa não tinha televisão e nem rádio, mas liam muitos livros. Também não admitiam a mentira.

Influenciado pelo amigo John Manchester, a família experimentou uma nova etapa na busca espiritual, tendo contato com William Branham, Oral Roberts, o movimento Chuva Serôdia e Witness Lee, onde conheceu os livros de Watchman Nee. No dia seguinte ao seu batismo no Espírito Santo, recebeu uma cópia do jornal “O Arauto da Sua Vinda”, onde trabalhou por cinco anos, após venderem a chácara, em 1956.

John Walker descobrira a importância do negativo enquanto era professor de crianças junto aos Quakers, em 1947. Mas em sua própria vida, nunca havia experimentado ou se submetido a isso, e não media consequências para fazer o que estava em seu coração obstinado.

Seu filho Robert tivera várias crises renais, mas a família entendia que deveria confiar em Deus, que curaria todas as doenças. Certa vez, em 1959, Robert e sua irmã Katharine, a filha mais velha, foram para São Francisco, passar as férias na casa de uma tia. Nesta cidade, Robert teve outra crise renal e a tia pediu autorização para operá-lo, e seu irmão John Walker negou enfaticamente, querendo trazer o filho de volta para casa. Ela, por sua vez, conseguiu autorização na justiça, e o rim do menino foi tirado. Este acontecimento foi decisivo e um dos principais motivos que provocou a mudança para o Brasil, pois John queria criar a família de acordo com sua consciência e entendimento da vontade de Deus. Outro motivo seria o desejo de proclamar a visão profética e as revelações que estava tendo na Palavra de Deus. Partiram em 4 de fevereiro de 1964, mais uma vez ajudados pelo amigo John Manchester, que providenciou o dinheiro necessário.

No Brasil, havia um missionário de nome Bob Scheibe, que providenciou todos os meios legais junto ao Consulado, para que a família pudesse vir como imigrantes e não como missionários ligados a uma instituição religiosa. Ficaram em Lagoa Santa, Minas Gerais, próximos à família Scheibe, mas a visão que Deus havia dado era para irem para Goiás. Bob Scheibe, logo em seguida, mudou para Montalvânia, na divisa de Minas Gerais com Bahia, onde John Walker conheceu Muir - um grande amigo e missionário sueco. De Lagoa Santa, a família Walker partiu para Rubiataba, Goiás, onde desenvolveram um ministério de distribuição gratuita de literatura, além de seminários intensivos. Vários lideres atuais participaram destes seminários na longínqua Rubiataba.

Podemos dizer que sua visão do propósito de Deus estava baseada nas seguintes verdades:

1. Oração e Ministério ao Senhor
2. Restauração da Ceia do Senhor, sem hipocrisia e sem legalismo
3. Entendimento do modelo de Deus para a família cristã
A importância do negativo (lei) na educação dos filhos
4. As três testemunhas (1 Jo 5.6-8)
5. As três festas judaicas, com ênfase na festa dos Tabernáculos
6. Entendimento correto de Israel no plano de Deus (Rm 11 e Ef 2.11-22)
7. A necessidade de um novo agora (Ef 3.4-6) – a 3ª. Reforma

Todos esses temas eram ensinados nos seminários e também proclamados pela família Walker através do ministério de literatura e ministrações em várias igrejas que os convidavam.

Em 1986 John Walker mudou-se para Jundiaí/SP e, a partir daí, muitos problemas aconteceram na família, provocando o enfraquecimento nas igrejas em Rubiataba e Jundiaí. Seu ministério sofreu um imenso declínio e ele permaneceu sem atividades até 1999, quando foi convidado por José Carlos Marion a ministrar um curso bíblico em sua igreja, o qual funcionou por 5 meses. Em novembro de 1999, junto com seus filhos, organizaram uma seqüência de seminários na região de Campinas, entitulado “Para onde vai a igreja no próximo milênio?”

John Walker morreu em 29/01/07 e Ruth Walker em 27/07/2008, deixando uma série de questionamentos acerca de seu ministério. Devido às crises familiares e ministeriais que marcaram seus últimos anos, muitos perguntam se ele cumpriu seu papel nos planos de Deus, como estão seus filhos em relação ao propósito original de virem para o Brasil e sobre os que estão fazendo agora.

Recentemente fiz essas mesmas perguntas para o casal Robert e Geralda Walker, que puderam contribuir bastante para que tenhamos este entendimento. Antes mesmo de começarmos a conversa, Geralda logo afirmou: “Eu devo minha vida a esta família. Foi na casa deles onde aprendi a falar até mesmo o português!”. Falou também que ouviu de uma outra nora: “John Walker foi responsável pela integridade espiritual de meus filhos” – isso porque já está tão acostumada a ouvir críticas ao seu falecido sogro. Já o Robert, enfatizou que o pai nunca conseguira trabalhar em equipe e que o comportamento quase ditatorial foi responsável pelos muitos problemas que tiveram:
• A união da família foi arrebentada
• A mensagem principal (sobre a família) fracassou
• Todas as noras tiveram problemas com ele
• Alguns filhos deixaram até mesmo de acreditar no ministério do pai
• A sra. Ruth desenvolveu uma obediência tão forte que anulou a sua própria personalidade, e pensava em termos de se John Walker ia querer ou não para tudo o que fazia.

Em relação ao ministério da família, Robert entende a comunhão com Eduardo Ávila (de Botucatu), Pedro Arruda (de Barueri), Paulo Manzini (de Jundiaí) e Gerson Lima (de Monte Mor), como uma abertura ministerial, e que estes irmãos vem contribuindo muito em relação aos problemas que a família Walker sofreu em um passado não muito distante.

Atualmente ele não entende que exista uma participação isolada da família Walker nos planos de Deus, mas que eles fazem parte do propósito de Deus para a igreja em nossos dias. A maior parte do que John Walker pregou, ele mesmo não experimentou, pois foi um homem de visão profética, muito à frente de seus dias – mas lançou poderosas sementes que germinarão e darão seu fruto em um futuro próximo. Mas este fato não tem relação nenhuma com os problemas pessoais dele, pois isso aconteceu com a maioria dos profetas bíblicos – falam de coisas que se cumprirão em tempos futuros.

Sobre o que precisamos atualmente, ele diz que a ditadura nunca é o caminho; que precisa ser corrigida a falta de unidade entre os ministérios profético e pastoral; e também que a geração atual e a anterior precisam ter mais afinidade, buscando a Deus juntas.

Através da Revista Impacto, do Curso de Preparação Profética em Monte Mor/SP e Baixa Grande/BA, dos encontros de jovens nas férias de julho e na virada do ano, e dos encontros regionais na Bahia, Rio de Janeiro e Goiás, muitas pessoas vem sendo abençoadas e testemunhando sua afinidade com os mesmos pontos enfatizados pela pregação de John Walker. Encarando com maturidade os seus pontos negativos, John Walker foi uma peça chave para a edificação da igreja no Brasil. Não tentava esconder suas fraquezas, o que deixava alguns irmãos escandalizados. Mas podemos dizer que foi um homem fiel ao chamado de Deus, e pagou um preço alto por acreditar e falar de coisas que poucos compreendiam.

em 2009, por Ezequiel Netto

Um comentário:

  1. Os Santos devem andar a sós.... A.W.TOZER. O caminho da santificação nos dias atuais está mais ermo do que nunca... mas Deus ainda encontra alguns andando por ele, para a sua alegria.... Elvis.

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