quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PROBLEMAS NO CORAÇÃO DO PROFETA



Ezequiel
Netto

No artigo no.
6 desta seção falamos um pouco sobre os princípios de interpretação de uma
palavra profética, destacando que toda profecia é composta por 3 fases:

REVELAÇÃO – o
que Deus nos mostrou, muitas vezes de forma simbólica e por enígmas

INTERPRETAÇÃO
– quando descobrimos o significado da palavra profética

APLICAÇÃO – ou
que atitude teremos a partir daquela revelação.

Vimos que a
maioria das pessoas não têm problemas com a revelação em si, mas com
interpretações erradas do que receberam da parte de Deus. E por conseguinte, se
a interpretação foi errada, as atitudes tomadas a partir dai também serão
erradas.

Vimos que
precisamos depender de Deus também para interpretar, e não usar da lógica
humana ou até mesmo chegar a conclusões precipitadas para assuntos que nos
parecem tão claros.

Para uma
correta interpretação, não basta apenas termos uma compreensão do simbolismo. A
interpretação passa por um processo onde nosso entendimento destes princípios
interage com nossa sensibilidade ao Espírito Santo e também com a postura de
nosso coração, se está ou não limpo e totalmente entregue ao Senhor.

Existem 2
problemas em nosso coração que podem causar erros de interpretação, mesmo
quando temos entendimento sobre o simbolismo na profecia:

  1. 1. Quando nosso coração não está bem com Deus (um espírito de
    orgulho nos torna “não ensináveis”, o que leva a falsas interpretações)
  2. 2. Quando nosso coração não está bem em relação às pessoas a
    quem estamos ministrando (feridas, amarguras, preconceitos)
Nosso
coração precisa estar reto diante de Deus e puro perante as pessoas para que
possamos interpretar corretamente as revelações proféticas. Uma revelação nos é
dada como uma pedra para edificação e, quando é mal interpretada, se torna para
nós uma pedra de tropeço. Devemos crescer em conhecer o simbolismo, e também
precisamos manter nosso coração cada vez mais purificado diante do Senhor, para
sermos usados profeticamente. Ter comunhão com Deus é o elemento mais
importante para interpretação de sonhos, visões e revelações (Ap 19:10b).

José e
Daniel foram usados por Deus para interpretar sonhos mais que qualquer outra
pessoa na Bíblia. Tinham ministérios e chamados muito semelhantes, e trilharam
caminhos totalmente diferentes até que Deus pudesse usá-los em seu propósito.
José demonstrava ser orgulhoso desde a juventude, enquanto que Daniel escolhera
o caminho da humildade. Os anos de sofrimento na vida de José foram necessários
para quebrantá-lo e amadurecê-lo, o que podemos perceber em sua posição diante
dos irmãos (Gn 37) e depois diante de faraó. Daniel, apesar de sábio e de
família nobre, já era humilde e quebrantado, e não precisou passar por
sofrimentos para ter condições de servir a Deus diante do rei, interpretando
revelações. Ele foi um dos poucos homens que escolheu espontaneamente este
caminho. Eles sabiam que a base para interpretação era conhecer a Deus (Gn 40:8/41:15,16;
Dn 2:27-28). O orgulho nos torna independentes de Deus, e a humildade nos
aproxima mais dele (Jo 5:19; Tg 4:6-8). Além de humildade, nosso coração
precisa ser puro para vermos a Deus e conhecermos sua vontade (Mt 5:8).

OBSTÁCULOS
QUE NOS IMPEDEM DE INTERPRETAR CORRETAMENTE:

Opiniões pessoais:
Em vez de
buscar em Deus a interpretação, muitas vezes somos tentados a decifrar
logicamente a visão, com nossos pensamentos e opinião a respeito do tema. Isto
é uma forma de orgulho. Precisamos do que está na mente do Senhor, e não na
nossa. Um tipo de opinião perigosa é quando está relacionada com uma doutrina
predileta, que é um ensino que elevamos a uma posição mais elevada que os
demais, e analisamos as coisas através deste filtro.

Vamos
tomar por base um exemplo típico em nosso meio: Deus nos revela que um casal
está tendo conflito e crise conjugal. Aqueles que valorizam demasiadamente as
doutrinas de autoridade e submissão vão dizer que a mulher precisa se submeter
ao marido, que o marido precisa amar sua mulher,etc, etc. Por outro lado, os
irmãos com forte chamado evangelístico já vão achar que os problemas são
decorrentes da falta de conversão genuína. Um adorador já diz que o casal deve
ter momentos para adorar a Deus juntos. Ainda tem aqueles que perguntam se o
casal sabe invocar a Jesus.

Feridas e Amarguras
As feridas e falta de perdão funcionam como um muro que impede que vejamos o que
Deus está dizendo. Toda revelação negativa sobre uma pessoa ou grupo que tenha
nos ferido deve ser considerada suspeita. Problemas do passado com uma
liderança também podem fazer com que pessoas interpretem negativamente e de
forma bem dura uma revelação sobre estas pessoas. Em vez de construirmos,
encorajarmos e confortarmos, nossa revelação será destruidora e desencorajadora.
José aprendeu a perdoar todas as injustiças sofridas e se tornou muito útil em
interpretar revelações.

Atualizando
o ditado popular, podemos dizer: “quem canta seus males – espanta!” A pessoa
amargurada só traz palavras negativas, afastando os que estão ao seu redor.

Pecado e amarras Espirituais
O pecado, escravidão espiritual, fortalezas malignas, como a cobiça, rebeldia, amargura,
religiosidade, arrogância, impaciência, todas perverterão nosso entendimento
gerando falsas interpretações.

Juízos Carnais
Estes
também são opiniões, sendo que mais traiçoeiros pois tentam passar por
discernimento espiritual. Ocorrem quando julgamos pela aparência exterior e até
mesmo Samuel, um grande profeta do Antigo Testamento, tinha esta deficiência (I
Sm 10:24/16:6-7). Uma boa maneira de nos livrar deste problema é ministrar de
olhos fechados ou não ver a pessoa para a qual estamos ministrando. Nossa
interpretação não pode estar baseada em se a pessoa usa terno e perfumes caros,
tatuagens e afastador na orelha, jeans rasgado e sujo ou coisas parecidas. Uma
ovelha pode estar suja hoje e ser poderosa nas mãos de Deus, bastando apenas de
um bom mergulho nas águas do Espírito. E tem engravatado tão maldoso que não
muda nem na base da paulada.

O QUE É
MAIS IMPORTANTE

É necessário crescimento e amadurecimento para desenvolvermos a habilidade de
interpretar. Isto não acontece da noite para o dia. É importante conhecermos os
símbolos, e também crescer na essência do que é ser profético – a dependência
de Deus. Não podemos crescer no ministério profético sem dependência e
intimidade com o Senhor. Para ouvir a voz doce e suave do Espírito, devemos
estar bem próximo a ele, pois não está gritando pelas praças.

O Treinamento através do sofrimento
O sofrimento tem um papel importantíssimo no nosso amadurecimento espiritual, com
reflexos bastante positivos no ministério profético. Depois de passar pela
tempestade, os discípulos de Jesus chegaram transformados na outra margem do
mar da Galiléia. E será por que Deus nos treina através do sofrimento?

Para remover o orgulho, sentimento de elite espiritual, soberba, achar
que é o centro do avivamento.
Para que reconheçamos nossa extrema necessidade de outros ministérios no
corpo de Cristo. Devemos amar a toda a igreja, e não apenas os que parecem e
agem como nós.
Obter maior sabedoria e entendimento no processo profético. Não podemos
subestimar o potencial profético de trazer efeitos negativos e não apenas
positivos. O ministério profético tem tendência a manipulação e controle do
rebanho, e orgulho espiritual.
Mudar o conceito de uma igreja que abranja toda a cidade. Existe um
ensino que diz que toda cidade deve ser governada por um presbitério único,
onde a ênfase é colocada na estrutura, e não em relacionamentos de amor.
Prestação de Contas. Existe a necessidade de todo ministério ter pessoas
maduras e responsáveis às quais devemos prestar contas, tanto no contexto
local, como fora dele. É necessário que nos submetamos a pessoas com autoridade
de nos corrigir e nos disciplinar.
Necessidade de uma equipe ministerial equilibrada. As pessoas proféticas
de alta tensão, com suas manifestações espirituais inusitadas, precisam do
equilíbrio de pastores compassivos, teólogos dedicados e demais ministérios. A
integração ministerial traz equilíbrio e estabilidade à igreja.
Enxergarmos nossas franquezas encobertas e falhas escondidas. Deus
aplica em nossas vidas várias formas de disciplina visando nossa purificação.
Podemos reagir a tudo isto de maneira correta, que é suportar sua disciplina
redentora, sabendo que é para nosso bem, para que possamos participar de sua
santidade (Hb 12:7,10), ou reagir de forma errada, como
Desprezar a correção, negando nossa necessidade de ajuste, alegando que
os problemas são ataques de Satanás
Ficar paralisado e cair na paralisia da autocondenação e desespero
Ficar amargurado contra Deus
CRENÇAS ERRADAS NO MINISTÉRIO PROFÉTICO
Existem alguns
entendimentos referentes ao ministério profético que dificilmente são
ensinados, mas que acompanham muitas pessoas, gerando muita confusão e aumentando
a rejeição que muitos têm por este importante segmento da igreja. Escolhemos os
três mais comuns:
1) Caráter = Unção
Muitas pessoas presumem que dons espirituais e unção são sinais de
caráter transformado, concluindo também que o caráter é a base para recebermos
os dons da parte de Deus. Outro erro é acreditar que as pessoas mais
espirituais, maduras e santificadas são aquelas que tem os dons mais
abundantes. Um fato importante que devemos tomar bastante cuidado é que a
maioria das pessoas proféticas não tem o dom de liderança essencial para a
saúde, o equilíbrio e a segurança da igreja. Uma igreja guiada exclusivamente
por profetas não oferece um ambiente seguro para o povo de Deus. O fato de
haver poder e revelação fluindo através de determinados ministros proféticos
não é necessariamente um sinal de que Deus está contente com as outras áreas de
suas vidas.
2) Unção significa
endosso divino para o estilo ministerial
Profetas tendem a
pensar que o método ou estilo que usam são essenciais ao fluir da unção em suas
vidas. Muitos benefícios trazidos à igreja pelo ministério profético são
acompanhados de problemas relacionados ao estilo e metodologia heterodoxos que
este ministério adota. Em muitos casos, precisamos ter coragem e dizer: “você
precisa parar com isto!” Temos uma forte tendência a sistematizar experiências
espontâneas. Pensamos que, se descobrirmos o método-chave, conseguiremos
controlar as manifestações. Cremos que a unção vem ao cantarmos certa música,
quando arrumamos as cadeiras de certa forma, quando se toca o saxofone, da
mesma forma que o jogador de futebol acredita que seu time ganha quando está
jogando com aquela meia velha e furada. As pessoas que chegam a este ponto
sentem-se pressionadas a dizer que Deus está operando, mesmo quando não está.
Este erro é terrível. Uma boa maneira é fazer como Elias e derramar água sobre
nossos sacrifícios (1 Rs 18), dependendo exclusivamente de Deus, que
manifestará seu poder sem a nossa ajuda.
3) Unção significa
100% de exatidão doutrinária
Na história da
igreja sempre aparece pessoas muito ungidas que adotaram doutrinas esquisitas.
Um exemplo disto é Willian Branham, que acabou caindo em heresias. Ele acreditava
que, se Deus lhe dera tanta revelação profética, por que também não lhe
revelaria a sã doutrina? Quando as curas, profecias e milagres passam a ser
comuns, os profetas ficam insatisfeitos e querem se tornar mestres.

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