terça-feira, 20 de dezembro de 2011

História da Igreja – Parte 1 – Com Sal ou Sem Sal?


Por: Christopher Walker
Raízes – Lições da História da Igreja Para os Nossos Dias.
É um principio indiscutível que para se descobrir o propósito da existência de um indivíduo, entidade, nação ou até mesmo de toda a humanidade, é preciso começar analisando a sua história, suas raízes. Não é diferente em relação à Igreja, que na verdade é o conjunto de pessoas que atenderam ao chamado de Deus para saírem para fora de um mundo cada vez mais à deriva no caos e degeneração resultantes do pecado, a fim de reencontrar através da obra redentora de Jesus o caminho de volta ao propósito original de Deus para a humanidade e para toda a criação.
É nosso objetivo através destas crônicas sobre épocas passadas da história da Igreja descobrir algumas das nossas raízes, e compreender melhor a razão da nossa existência.
Com Sal ou Sem Sal?
O que você sabe a respeito da igreja dos primeiros séculos?
Se você já leu o livro de Atos dos Apóstolos, sabe que era uma igreja unida, despreocupada com estruturas, prédios, organizações, títulos, cursos, e tantas outras coisas sem as quais hoje não saberíamos fazer nada.
Aquele grupo de cento e vinte pessoas que acreditaram na promessa do homem que fora crucificado, que ressuscitara e que fora embora para o céu à vista de alguns deles, ficou esperando dentro de um cenáculo durante dez longos dias e recebeu o Espírito Santo exatamente como Jesus prometera. A partir deste momento, e deste cantinho desprezado do Império Romano, este bando de pessoas incultas que já não contava com o seu poderoso líder carismático, começou sua trajetória triunfante, espalhando-se por todo o Império e além dele, e chegando a representar no ano 300, segundo estimativas, de 5 a 10% da população do mundo civilizado.
Em muitas regiões, o cristianismo penetrou em todas as cama das da sociedade. Embora tivesse começado com pessoas humildes e incultas, a fé cristã atingiu todos os níveis sociais, e seus seguidores não puderam ser ignorados. Sobreviveram a diversas ondas de perseguição e oposição, e continuaram a avançar apesar de não contar com campanhas publicitárias, ou mesmo com qualquer estratégia evangelística explícita. Sua força pode ser avaliada pela ameaça que representou para os poderosos imperadores romanos, e que desencadeou as grandes ondas de perseguição.
Por que os cristãos dos primeiros dois séculos causavam tanta oposição e reações contrárias no mundo em que viviam?
As primeiras perseguições que estão registradas no livro de Atos foram causadas pelos judeus religiosos que não reconheciam em Jesus o cumprimento de todas as profecias e promessasdas suas próprias Escrituras, e que se sentiam ameaçados e condenados pela realidade e autenticidade destes que proclamavam o cumprimento atual de todos os sím bolos, rituais e sombras da Velha Dispensação.
Mas por que os romanos, gregos e outros gentios também se levantavam contra este novo caminho?
Os romanos, que em geral eram tolerantes de outras religiões, contanto que as pessoas observassem os ritos e práticas que implicavam em submissão ao imperador romano. E era aí mesmo que estava uma das principais acusações contra os cristãos — sua teimosia e falta de respeito para com a autoridade romana.
Plínio, o Jovem, um oficial romano que foi enviado no ano 110 para governar a província de Bitínia (atual Turquia), foi quem deixou nos seus escritos um dos relatos pagãos mais antigos sobre os cristãos.
Na sua primeira experiência de interrogar os cristãos ali, como não sabia o que fazer ou como tratá-los, resolveu escrever para o imperador Trajano, pedindo conselho. “Não sei de que crime são culpados, ou o que preciso investigar ou castigar”, ele escreveu. Disse que estava incerto se quem admitiu ser cristão já era merecedor de castigo, ou se precisava ser acusado de outro crime também.
Mas enquanto isso, perguntou aos acusados se eram cristãos. Quando alguns confessaram que eram, ele perguntou uma segunda e depois uma terceira vez. Quando confirmavam, mesmo diante da ameaça de castigo, Plínio ordenou que fossem condenados. “Pois não tinha dúvidas de que, fosse o que fosse que estavam admitindo, a obstinação e perversa inflexibilidade deveriam ser castigados.”
Para ele, esta atitude cristã era uma espécie de insanidade contagiosa ou desordem mental que resultaria inevitavelmente em crimes contra o Estado romano. No final da sua carta, disse: “Esta superstição contagiosa não se confina nas cidades apenas, mas já espalhou sua infecção para as aldeias do campo.” Trajano posteriormente recomendou Plínio pela atitude tomada.
Era assim, aparentemente, que os romanos consideravam os cristãos: como um grupo seguidor de superstição perigosa. Nas palavras de Seutônio (escritor romano e secretário do imperador Adriano) e que foi um dos primeiros escritores pagãos a mencionar os cristãos, estes eram “uma classe de pessoas dadas a uma nova e perniciosa superstição.” Um outro historiador romano, Tácito, reconheceu que Nero inventou as acusações de que os cristãos haviam iniciado o incêndio de Roma, mas demonstrou pouca simpatia por este povo “notoriamente depravado”.
“O fundador deles, Cristo, fora executado no reinado de Tibério pelo governador da Judéia, Pôncio Pilatos,” ele escreveu. “Mas apesar da derrota temporária, esta superstição mortal espalhou-se não somente por toda a Judéia (onde este mal nasceu), mas até mesmo em Roma. Toda espécie de práticas depravadas e vergonhosas se ajuntam e prosperam na capital.”
O que os romanos entendiam por superstição? De acordo com diversos autores romanos proeminentes, incluindo Cícero e Plutarco, era qualquer crença ou prática religiosa e ofensiva, que desviava das normas romanas. Os grupos que tinham estas religiões “irracionais” poderiam agir imprevisivelmente, sem consideração pelos ritos e tradições de Roma. Na verdade, eram exatamente as suspeitas políticas, e não necessariamente as religiosas, que preocupavam as elites romanas. Se qualquer devoto religioso continuasse a observar os ritos romanos, poderia adorar o deus que quisesse.
Os cristãos não reconheciam nenhum outro deus a não ser o Deus deles. Isto já era mal, mas também se recusavam a participar em qualquer rito religioso não cristão, a servir no exército, ou a participar de cargos políticos. Era uma recusa a comer carne durante um rito religioso romano que levou Plínio, o Jovem, a julgar aqueles cristãos em Bitínia.
Além disso, espalhavam outras idéias fantásticas sobre os cristãos, como por exemplo que eram canibais e praticavam incesto. Como o cristianismo nasceu sob perseguição, as suas práticas mais sagradas não eram abertas a não cristãos, o que favorecia as deturpações de quem não tinha qualquer contato de primeira mão. Desta forma, o ósculo santo entre “irmãos” (Rm 16.16) talvez tenha sido interpretado como relacionamento incestuoso, e a ceia onde Jesus disse para comer sua carne e beber seu sangue poderia ser entendido como algo literal.
Os cristãos também eram acusados de adorarem cabeças de jumentas, de praticarem orgias sexuais, e de serem mágicos e feiticeiros (talvez por causa dos milagres de cura, da expulsão de demônios, e da cerimônia do batismo). Estas acusações que nem sempre foram levadas ao tribunal tinham o efeito de colocar a população e principalmente as elites contra os cristãos, mas em diversos períodos durante os primeiros séculos causou ondas de perseguição por colocar o cristianismo como inimigo do Império.
Numa época da história em que (no mundo ocidental) a Igreja conquista cada vez mais reconhecimento e espaço na cultura, na política e na sociedade secular, vale a pena voltar para nossas raízes e ver como a primeira igreja obteve suas primeiras vitórias e chegou a ser uma força influente no mundo daquela época. Onde está a verdadeira força da Igreja — na presença ameaçadora de um povo não alinhado e até mal interpretado, ou daqueles que se esforçam ao máximo para se assemelharem à sociedade e cultura em que vivem?
Onde está o sal da terra?
No próximo número: Como o sofrimento dos cristãos primitivos afetava o mundo em que viviam.
Fonte de pesquisa: Christian History Magazine, Issue 57,1998, da Christianity Today, Inc.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pecado ou Problema?

Por: Robert Louis Cole

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável.” (Sl 51.10)

“Tenho um problema”, disse a jovem senhora, um pouco envergonhada. Era o fechamento de uma reunião de oração no horário de almoço, promovida por um grande ministério na Costa Leste. Eu acabara de concluir um breve estudo bíblico e de encerrar a reunião, quando fui puxado de lado para uma oração particular.

- Qual é o problema? – perguntei.

- Eu tenho um problema – repetia ela.

- Sim. – Respondi, pensando se ela havia me escutado direito.

- Em que exatamente podemos concordar em oração?

Sua face se contraiu e lágrimas brotaram de seus olhos. – Não sei exatamente – desabafou, mordendo os lábios -, mas tenho um problema sério.

Tentei ser firme sem ser duro demais.

- Nosso Deus é um Deus de coisas específicas, não de generalidades – disse-lhe. – ficaria feliz em orar com você, mas preciso saber a natureza de seu problema de modo a orar especificamente. Ninguém mais saberá, apenas eu e você.

- Bom, na verdade, não sei qual é o meu problema – respondeu ela, como se estivesse bloqueada -, mas meu marido diz que eu tenho um problema -. Tentei novamente.

- O que seu marido diz ser o seu problema?

- Ele diz que eu não o entendo – disse ela, finalmente, agonizando a cada palavra.

- O que você não entende? – perguntei. De repente, a mulher começou a chorar convulsivamente, profundamente magoada.

- Meu marido deixa revistas ao lado de nossa cama – ela explicou, em meio a soluços. – Playboy e Penthouse, além de todas aquelas outras revistas de mulheres nuas. Ele diz que precisa primeiro olhar aquelas revistas para depois ter sexo comigo. Diz que precisa delas para se sentir estimulado.

Ela prolongou a última sentença, com lágrimas rolando por sua face.

- Já lhe disse que não precisava daquelas revistas, mas ele diz que eu não o entendo. Diz que, se eu realmente o amasse, eu entenderia por que ele precisa das revistas e, então, permitiria que ele tivesse mais revistas ainda.

- Qual a ocupação de seu marido? – perguntei eu.

- Ele é pastor de jovens.

Fiquei ali, boquiaberto, pensando no que acabara de ouvir. Estava ouvindo uma mulher me dizer que seu marido era um pastor de jovens que mantinha uma pilha de material pornográfico ao lado da cama!

- Seu marido pode ser um pastor de jovens, – disse-lhe -, mas também é um pornógrafo.

A cabeça da mulher se levantou em atenção. Foi como se eu a tivesse esmurrado diretamente no rosto. Ela jamais imaginou ouvir seu marido sendo descrito como alguém que gostava de pornografia, apesar de seu estilo de vida tê-lo transformado exatamente nisso.

Nestes tempos modernos nós não temos pecado: temos problemas. Transformamos o Evangelho em algo psicológico e, no meio do processo, eliminamos a palavra pecado de nosso vocabulário.

Mas eu tenho necessidades

Uma mulher veio a mim trazendo uma triste história. Seu marido a maltratou durante anos e, finalmente, a deixou, através de um divórcio litigioso. Membro de igreja, cristã confessa há vários anos, ela se viu só e desamparada.

Reagindo a seus sentimentos, ela saiu da cidade e passou um final de semana com um homem. Como ela mesma descreveu, ela possuía “necessidades biológicas”.

- Você tem consciência do que fez? – perguntei-lhe tão logo sentou-se em meu gabinete. A mulher foi pega de surpresa e colocou-se para trás.

- Por que, do que você está falando?

Seus olhos se arregalaram e sua face enrubesceu. Ofendeu-se por eu tê-la chamado de adúltera. Afinal, depois de ter cometido um adultério, ela era uma adúltera.

Para ela, aquilo não foi um pecado – apenas um problema, como disse.

Não falamos sobre pecado nos dias de hoje: falamos sobre problemas. A razão pela qual problemas são mais convenientes que pecados é que não precisamos fazer nada com os problemas. Se você apenas tem um problema, consegue simpatia, compreensão e ajuda profissional, somente para citar algumas coisas. Por outro lado, pecados requerem arrependimento, confissão e perdão.

Não é de estranhar que Freud queria se livrar da palavra pecado.

Resolvendo problemas biblicamente

No processo de reescrever a linguagem bíblica, fugimos da confrontação com nossos pecados. Mas, sem os enfrentar não fazemos nada com relação a eles. Todos os problemas da vida estão de algum modo relacionados ao pecado. Esta é a razão por que o homem precisa de um Salvador que o livre dos pecados como resposta a seus problemas. Deus sabia disso. Foi por isso que Jesus Cristo veio aqui para morrer por nossos pecados e ser a resposta para todos os nossos problemas.

A disciplina da igreja em nossos dias é relaxada, fraca ou inexistente. O apóstolo Paulo exigia disciplina. Se alguém se diz irmão – disse Paulo – e mantém um estilo de vida ou um padrão habitual de pecado, não mantenha amizade com ele – nem mesmo coma com ele. Sem relacionamentos.

“Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais” (1 Co 5.11).

Ao contrário do que você ou qualquer outra pessoa possa pensar, este é um ato de amor e não de ódio.

Veja, os caminhos de Deus são tão altos quanto os céus estão acima da terra.

Paulo tinha a mente do Senhor quando escreveu estas palavras. Se uma pessoa que chama a si mesma de cristã continua em seu pecado sem punição e com todos os privilégios de outros membros, não terá nenhum incentivo para confrontar, confessar e afastar-se de seu pecado, além de contar com a aceitação de outros crentes.

Normalmente a pessoa que cometeu pecado admite que houve um problema, ou que ela simplesmente é uma desafortunada, mas vai chorar e reclamar quando se confrontar com a disciplina.

O lamento humano ocorre somente quando ficamos tristes por termos sido pegos. O lamento piedoso acontece no momento em que nos entristecemos pelo pecado que cometemos e quando queremos nos livrar dele.

Se Paulo vivesse em nossos dias, estaria condenando os humanistas seculares do tímido século XX, sitiando as fortalezas do pensamento moderno que têm tomado conta de nossa mente e nos cegado quanto à verdade. Realmente existem espíritos sedutores e doutrinas de demônios. Vemos tudo isso trabalhando em nosso mundo hoje. Somos levados a pensar que temos problemas em vez de pecado. Nossas doutrinas modernas, baseadas em vidas destituídas da vida de Deus, nos dizem: “Está tudo bem comigo e com você”, em vez de dizer: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus…”.

Disciplina em ação

Fui tomar café com um pastor que estava cercado de problemas. Ele quase havia perdido sua igreja.

Os membros do coral sabiam, havia bastante tempo, que o ministro de música cometera atos de homossexualismo. Ele se envolveu a ponto de isto se tornar público.

Por muito tempo, ninguém disse nenhuma palavra sequer. Estavam todos esperando que alguma coisa acontecesse e uma mudança ocorresse. Por fim, o segredo vazou e chegou até ao pastor. Depois de muita oração e de uma busca diligente da verdade, chegou o momento em que o pastor e o ministro de música se encontraram para confrontar a questão. O ministro de música admitiu tudo.

- Você precisa decidir entre duas coisas – disse-lhe o pastor, de modo direto. – Deve arrepender-se ou renunciar. O ministro de música considerou as hipóteses e tomou sua decisão de modo muito bem pensado: não faria nem uma coisa nem outra. Em vez disso, começou a buscar apoio, primeiramente entre os membros do coro e, depois, entre a congregação.

Em pouco tempo, uma comissão de membros do coro pediu uma reunião com o pastor.

- Você não entende – disse o porta-voz. – Ele simplesmente tem um problema. Se nós o cercarmos de amor e compreensão, isto vai ajudá-lo e ele vai se livrar do problema.

- Sou eu quem não entende? – retrucou o pastor. – Se vocês o cercarem com amor e compreensão e se ele não tiver de se arrepender de seu pecado, então ele nunca conseguirá se livrar do problema.

As linhas de batalha estavam formadas. A comissão se espalhou pela igreja, ateando mais fogo ainda, arregimentando mais pessoas para ficarem contra o pastor piedoso a quem eles acusavam de não ser amoroso. O burburinho cresceu. Houve uma reunião tumultuada e, por intervenção divina, o pastor piedoso permaneceu.

O ministro de música saiu, levando consigo muitos simpatizantes. A igreja passou por momentos difíceis, mas Deus confirmou a posição piedosa daquele pastor. Hoje, a igreja está mais forte do que nos dias anteriores à crise. O próprio pastor é um homem mais forte.

Sabedoria humana versus sabedoria divina

A sabedoria humana debocha da verdade do Evangelho.

A diferença entre a sabedoria humana e a divina, especificamente com relação ao pecado, é que a sabedoria humana deseja encobri-lo. Adão tentou fazer isso no jardim. Primeiro, de modo simbólico, ao cobrir sua nudez. Depois, foi muito além disso, à medida que começou o processo de autojustificação, colocando a culpa de sua falta em Eva, de modo a encobrir seu próprio pecado.

Cubra-se – culpe outra pessoa.

Esta sabedoria falha continua a operar nos dias de hoje. O escândalo de Watergate tornou-se o clássico exemplo moderno de como acobertar alguma coisa. O enfraquecido mas resoluto pastor recusou-se a permitir que a sabedoria humana e o sentimentalismo se colocassem no caminho da justiça divina. Ele não permitiria que um pecado fosse encoberto e chamado de “um problema”.

A psicologia comportamental não tem nenhum livro-texto que seja adequado para lidar com o escopo do dilema humano. Deus escreveu o Livro sobre salvação dos pecados muito antes de a psicologia aparecer com a idéia de “resolução de problemas”.

Deus ordena obediência à sua palavra. Ele não admite coisas da moda quando estas violam a soberania de sua Palavra. Nossa atitude de não intervir não é simpática a Deus: é abominação a ele; e ele nos ordena – não nos convida, mas ordena – o arrependimento e a obediência.

A distância entre a sabedoria divina e a humana é astronomicamente grande. Em nossa sabedoria carnal reordenamos nosso sistema de valores de acordo com nossos desejos. O homem olha para sua tecnologia espacial, seus ternos Armani, um exemplar da Time e pensa que é sábio. Ele aprende e ensina uma filosofia que somente traz perguntas e nenhuma resposta. Associa-se a uma ciência que zomba da criação bíblica, ainda que não seja capaz de oferecer nada em troca, a não ser uma teoria sem comprovação sobre aquilo que ela crê ser a evolução.

“Quem entre vós é sábio e entendido?” é o que Tiago 3:13 nos pergunta incisivamente. O versículo seguinte continua: “Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade”. Nosso mundo atormentado cheio de inveja, amargura e problemas – é o produto de nossa própria sabedoria mundana.

A sabedoria humana ensinou uma geração de líderes a crer que quanto maior o endividamento melhor será sua economia – uma filosofia que levou vários países à beira da ruína econômica. O sofisticado espírito da era moderna, baseado na sabedoria humana, traz discórdia, dor e, por fim, ruína.

É verdade que, desde o Éden, o homem não melhorou sua natureza. Ele pode ter mais conhecimento técnico, mas sua natureza continua a mesma. Dizer que a humanidade melhorou por causa da excelência técnica do homem é como dizer que um canibal está melhor porque usa garfo e faca.

“A sabedoria, porém, lá do alto”, conclui Tiago no versículo 17 do mesmo capitulo, “é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento”. Isto é sabedoria divina.

A sabedoria humana que nos manda sair para fazermos nossas coisas não é a sabedoria que vai nos levar à terra de Canaã. Você jamais poderá maximizar seu potencial até que tenha recebido a sabedoria de Deus.

Chame as coisas pelo nome

Os namorados que vivem juntos longe dos laços do matrimônio são fornicadores.

O adolescente desbocado é um zombador.

Deus não tem prazer em devaneios semânticos: ele fala a língua dos homens. As Escrituras colocam os pingos nos “is”: pecado é pecado.

Não haverá respostas inesperadas quando a “pessoa com problemas” se confrontar com uma eternidade sem Cristo. Os pecados serão Ievados a sério naquele momento – ainda que seja tarde demais. A “síndrome da Playboy” ou “necessidades biológicas”, assim como os “problemas” homossexuais não mais existirão.

Precisamos começar a enfrentar o pecado como homens.

Extraído do livro “Vitória sobre a Tentação”, Editora Mundo Cristão.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A volta da igreja pródiga

Por: Maurício Bronzatto

A Parábola do Filho Pródigo tem uma universalidade impressionante. Poucas histórias bíblicas são tão conhecidas quanto esta. Mesmo nos domínios estrangeiros à religião, não é difícil surpreender pessoas tomando como ilustração para alguma fala, opinião ou comentário o relato do filho arrependido que retorna à casa do pai e é graciosamente acolhido. Entre as muitas explicações que poderíamos recolher para o fato de a história bíblica ser tão recorrentemente recuperada no cotidiano, fico com a aspiração imorredoura da humanidade por se encontrar num ambiente cercado de afetos, capaz de lhe conferir a sensação peculiar de pertencimento e a convicção insuperável de segurança que só experimentam os que se sentem em casa. Que satisfação poderia ser maior do que esta?

O tema é tão prestigiado que encontra ressonância em muitas manifestações artísticas, fazendo convergir para um ponto comum os anseios profundos de todos aqueles que se reconhecem como não estando no lugar certo. Para ficar em dois exemplos, podemos, em primeiro lugar, lembrar do filme “Cidadão Kane”, em que o protagonista, no fim da vida, pronuncia uma palavra indecifrável para os que estão ao seu redor, cujo significado estava ligado a um brinquedo de seu tempo de criança. Depois de ter conquistado o mundo todo, o sucesso não foi suficiente para lhe garantir a paz característica dos que se sentem em casa. Para este personagem a única referência de casa era aquela que sua infância lhe proporcionara. Tendo se desviado desse lugar seguro e nunca mais para lá tornado, faltava-lhe sentido existencial, vazio que se acentuou quando o tema da morte passou a assombrá-lo. Um segundo exemplo retiramos dos versos do poeta contemporâneo Cacaso, em que parafraseia a conhecida “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias (“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá…”). Escreve Cacaso: “Minha pátria é minha infância / Por isso vivo sempre no exílio”). Poucas linhas dizem tanto acerca da nostalgia em relação a um tempo assumido como melhor, quase mítico, localizado em algum lugar do passado. O anseio, no entanto, é o mesmo: a crescente insatisfação do homem quando intui, no mais íntimo, que não se acha no lugar devido.

Hoje podemos revisitar a parábola bíblica em questão e reconhecer dois pródigos: o filho que deixa a casa e aquele que se perdeu dentro dela. Um e outro, o esbanjador e o amargurado, precisam recuperar sua filiação. E é somente a recepção amorosa do pai que pode oferecer o ambiente para tal transformação. Aliás, o grande pródigo da parábola é o pai. Ninguém gastou mais do que ele nesta história. Ele esbanja compaixão, cuidado, perdão, investimento paternal de toda sorte. Tenho pensado nesta cena narrada por Jesus como contendo razões para se viver uma vida inteira. Alguém já disse que todo o Evangelho está contido ali.

Se é assim, no abraço e ambiente ofertados pelo pai aos filhos que voltam podemos também antever o retorno da igreja ao lugar de onde nunca deveria ter partido. Se considerarmos que a igreja um dia já teve como centro o colo de Jesus, os ensinamentos vivos do mestre e toda a riqueza da demonstração de sua comunhão com o Pai, que embevecia um grupo familiar de judeus do primeiro século, o ambiente que sucedeu a este tomou caminhos bem diferentes. Que abismo entre o original e outros ambientes aos quais tem sido inadvertidamente dado o nome de igreja ao longo dos tempos! Da intimidade com Jesus e seu Espírito, rapidamente a igreja se deslocou para um endereço. Tendo começado de forma familiar e feito muitas famílias-discípulas, não demorou a trocar a relação pela reunião, a intimidade e a partilha pelo evento. Não nos estranha o fato de que lares, inicialmente, casas-endereço em seguida, passaram logo a ser assumidos como igrejas. O resultado não poderia ser outro: a família foi desalojada e deu gradativamente lugar a um funcionamento eclesiástico. A consequência foi o aparecimento dos templos, das catedrais, das instituições e impérios religiosos. Tudo muito diferente do colo e da companhia de Jesus. A vida simples e cotidiana, na qual os sinais do Reino se evidenciavam, foi substituída por cerimônias e rituais. Estilizou-se a vida, e os vínculos no Espírito Santo cederam lugar à organização.

Entretanto, com a graça de Deus, a igreja pródiga está retornando. Se lembrarmos que a partida foi um distanciamento gradativo que deixou o colo de Jesus, depois a família, em seguida as casas e foi parar no templo e em todas as suas decorrências institucionais, o caminho de volta deverá ser percorrido de forma inversa. Em primeiro lugar, as divisas das estruturas precisam cair; a seguir, a cultura do templo; posteriormente, a volta às casas será a consequência natural de quem passa a ver pouco sentido no ambiente anterior. Mas a casa não é a pousada definitiva. Igreja nas casas faz parte da transição – não da permanência – que pretende devolver a igreja à família, e esta à intimidade estreita com Jesus.

Já conseguimos ouvir o barulho dos preparativos da festa para a igreja que estava morta e reviveu, que tinha se perdido e foi encontrada? Bem, isso vai depender do ponto do retorno em que nos encontramos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Igreja… Sua Natureza

Por: John MacLauchlan

Se temos algum entendimento da natureza da Palavra de Deus e da igreja, não será uma surpresa ouvir a afirmação de que as duas são intrinsecamente ligadas. Na verdade Jesus é o Verbo de Deus, e a igreja é o seu corpo. Conseqüentemente, temos que entender o que Jesus é para saber o que a igreja é. E se Jesus é o Verbo, isto significa que devemos entender melhor o que é o Verbo para entender a igreja.

O Verbo, ou a Palavra, é a vontade de Deus expressa ao homem, mas mais do que isto, encarnada no homem. Jesus, além de ser a Palavra expressa de forma mais completa e total do que em qualquer manifestação anterior no Velho Testamento, era a Palavra habitando e vivendo plenamente numa pessoa humana. Da mesma maneira, foi a Palavra de Deus que trouxe à existência um povo, encarnando-se outra vez, e criando a igreja na mesma imagem daquele que era a Palavra de forma singular. Assim, a Palavra de Deus torna-se a igreja, e a igreja não é igreja sem esta Palavra.

Vejamos como isto se revela no Novo Testamento. Quando Paulo chamou os tessalonicenses a orar “para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada”, ele certamente não estava pensando na proliferação de idéias ou doutrinas. Pelo contrário, estava consciente de que estava se dirigindo àqueles que eram o resultado visível desta Palavra. Eram a palavra encarnada; sua expressão concreta. Paulo lhes falara a palavra vivificante de Deus e foram regenerados. Falou a palavra diretiva e construtiva de Deus e foram moldados num povo para Deus. Isto acontecera inacreditavelmente rápido em Tessalônica. Paulo agora exortava a orar por triunfo semelhante e resultados imediatos em outros lugares.

A Palavra e a Igreja são Uma

Claramente para Paulo, a igreja se origina da Palavra de Deus. Se a Palavra é a auto-expressão de Deus, a igreja também o é. Através dela, Deus fala aos homens. Podemos ver esta mesma ligação em outros lugares. “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia, e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (At 9.31). Compare isto com Atos 6.7: “Crescia a palavra de Deus e… se multiplicava o número dos discípulos…”

Em outro lugar é simplesmente: ” … a palavra de Deus crescia e se multiplicava” (At 12.24), e em ainda outro: “… a palavra de Deus crescia e prevalecia…” (At 19.20). O crescimento da igreja é atribuído à Palavra. A Palavra e a igreja são uma. Estas passagens falam sobre o desenvolvimento e crescimento da auto-expressão de Deus na terra. Mais e mais, ele tem um povo em quem pode viver e através de quem pode revelar como ele é.

A implicação é clara. A igreja é totalmente dependente da palavra profética. Sem esta palavra, ela cessa de ser a igreja do Deus vivo. Separar a Palavra da igreja é o mesmo que retirar o espírito do homem: resta apenas um cadáver.

O pico culminante da auto-expressão de Deus é Jesus. Ele encarnou e revelou perfeitamente tudo que Deus é. Nele o Deus invisível é visto pelos homens. Mas Paulo chama a igreja “corpo” de Jesus, o que seria sua auto-expressão. Em Efésios 1.23, vai mais além, e a descreve como a “plenitude” de Jesus, um termo usado no grego para o carregamento de um navio, ou o conteúdo total de uma embarcação. A igreja contém, encarna, e é plena de Cristo.

Nisto tudo, Paulo não está se referindo ao tempo em que Jesus andou na terra em um corpo mortal. Antes, descreve-o exaltado e supremo sobre todos os seus inimigos, enchendo o universo com sua grandeza. A igreja é a encarnação e expressão na terra do Rei dos reis. É a “plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1.23).

Jesus é a Palavra de Deus. A igreja o encarna e expressa. A Palavra triunfante de Deus, exaltada e glorificada, vive em seu povo. Este povo não é chamado à existência para exemplificar uma cópia religiosa de Cristo. São criados como aqueles em quem ele vive. São seus filhos e filhas. São a expressão de Deus na terra.

Não Existe uma “Planta” Para a Igreja

Deus se recusa a ser limitado pelo homem. Não será restringido pelas limitações de conhecimento ou teologia humanos. Não será condescendente com as exigências do intelecto humano. Reserva a si mesmo a liberdade pessoal que é legítima somente para quem é supremo.

Questionado sobre sua definição de si mesmo, respondeu: “Eu sou o que sou”.

Conclui-se que um povo designado a expressá-lo não pode ser limitado a uma forma preestabelecida ou desenvolver-se segundo as linhas de uma planta predeterminada. Não pode haver um “padrão” para a igreja. Um corpo estruturado de acordo com algum padrão ou restrito àquilo que surgiu daquilo que se chama ortodoxia histórica, será meramente uma instituição religiosa humana. Não importa como os homens queiram chamá-la, não pode ser a igreja do Deus vivo.

O conceito de igreja como uma instituição que se autoperpetua é apavorante. Capaz em si mesma de se manter e existir como organização, porém destituída da presença de Deus, torna-se inimiga de todos os propósitos de Deus. Torna-se naquele cadáver mencionado acima, um corpo sem o fôlego de vida. Mas a qualidade de absurdo ou grotesco desta figura se transforma em algo verdadeiramente horripilante, pois este cadáver ainda anda, locomove-se, e fala. Ilude os homens a pensar que ainda representa Deus. Na verdade, grotescamente deturpa sua imagem.

O que, então, podemos dizer da igreja? Somente isto, que como auto-expressão de Deus, “ela é o que é”. Ou talvez o melhor seria dizer: “ela é o que Deus é”. A igreja é totalmente vinculada a Deus. Sem o seu fôlego, morre. É quando Deus fala que a igreja toma sua forma e semelhança. É pela Palavra de Deus que ela se torna o que ele é. E isto é um processo contínuo: Deus falando, e a igreja ouvindo e correspondendo. É somente desta maneira que a igreja pode ser o que Deus quer que ela seja, e cumprir sua vontade na terra.

Jesus concede temível autoridade à igreja. A partir da sua ênfase no direito e dever da igreja de tratar com o pecado no meio dela, ele mostra que a igreja tem todo poder no céu e na terra. Para exercer tal poder, ela somente precisa “concordar” e “pedir”. E pode ser até com dois crentes que se unam desta maneira. Mas a base crucial de tudo isto é ter dois ou três que reúnam em Jesus. A ênfase está em Deus reunir o povo, e o propósito de tal reunião é entrar na pessoa de Jesus.

Somente este chamamento e mover divinos trarão a promessa de Jesus estar no nosso meio. E como vimos, tal ação divina inevitavelmente relaciona-se com sua Palavra. É quando ele fala que vemos Jesus. É através de sua voz que somos chamados. É através de sua Palavra que somos comissionados e atraídos à experiência de seu Filho. É em relacionamento vivo com Jesus que temos sua autoridade para desligar e ligar. A igreja existe para entrar em Jesus, e isso acontece pela Palavra viva procedente de Deus.

Prédio ou Pessoas?

Muitas vezes se tem dito que a igreja não é um prédio, mas são as pessoas. Sugiro que esta declaração seja verdadeira, porém inadequada. Verdadeira, porque tira nossa atenção dos tijolos e argamassa, e a dirige para a verdadeira casa de Deus, constituída de homens e mulheres. Mas inadequada, porque podemos ver a igreja como pessoas e mesmo assim ter uma instituição. Talvez, para nós, as pessoas que constituem “a igreja” devam concordar com um credo específico. Talvez devam praticar certas coisas, ou ter determinada estrutura e liderança. Talvez devam reunir-se de maneira específica.

Se esta é nossa visão de igreja, podemos dizer o quanto quisermos que ela consiste de pessoas e não de prédios, mas ainda assim temos um conceito institucional. Nossa visão é sectária; divide-se na base de assentimento a um determinado conjunto de credos ou práticas. Alguns tentam responder à questão acima com uma definição geral como: “A igreja consiste de todos os regenerados”, mas na prática só aceitam pessoas em uma das bases citadas acima, e acabam sendo sectários da mesma forma.

Devemos ver a igreja como um povo em correspondência ativa e atual ao Deus vivo. Sempre está ligada a um propósito, não a credos fixos, formas predeterminadas, ou modelos de culto prescritos. É a prática que é importante, não a teoria. Somente através de ouvir e praticar o que Deus está dizendo é que um povo pode representar seu nome. Tal povo é totalmente vinculado a Deus, sem segurança humana nem religiosa. Vivem pela palavra que sai da sua boca; morreriam sem isto. Não têm uma estrutura inflexível, ou que se autoperpetua. Podem ser descritos como povo profético, pois são completamente dependentes da palavra profética de Deus.

Extraído da Série: “Profetas e Profecia” nº 04.

sábado, 26 de novembro de 2011

• Igreja Gloriosa, Santa e Sem Defeito

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra.
Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado.
Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Deus estava irado, e com muita razão. Menos de seis semanas antes, o povo recém-redimido lhe havia prometido fidelidade e afirmado a intenção de obedecer aos seus mandamentos. Agora, porém, haviam desprezado a graça divina, flagrantemente violando a primeira e mais fundamental de suas leis.

Só a intercessão fervorosa de Moisés, seu servo, deteve a mão de Deus e impediu-o de destruir a congregação inteira em um instante.

Com o afastamento de um juízo final e cataclísmico, Deus passou a dar instruções a Moisés para que ele pudesse conduzir o povo até a Terra Prometida. Prometeu-lhe que a nação seria sustentada por ele e protegida por ele. Um anjo seria destacado para mostrar o caminho. O próprio Deus, porém, não iria com eles, “para que te não consuma eu no caminho” (Êx 33.3).

Porém, mesmo com o misericordioso perdão de Deus e de sua graciosa oferta, Moisés não ficou satisfeito. Continuou insistindo: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar” (v.15). Em outras palavras: “Deus, se tu não fores conosco, nós não vamos sair daqui!”

O líder desesperado prosseguiu em sua oração, explicando para Deus que a presença dele era a única coisa que pudesse separar seu povo de todos os outros que havia no mundo. Na ausência da presença de Deus, nada mais serviria para distingui-los de qualquer outra pessoa.

Por que a presença de Deus não poderia mais acompanhá-los? A explicação é simples: Deus é santo. Sua presença não pode coexistir com um povo que não é santo.

Foi por isso que, 40 anos mais tarde, quando o povo se preparava para entrar em Canaã, Moisés advertiu: “Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meio do teu acampamento...; portanto, o teu acampamento será santo, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti” (Dt 23.14).

O profeta Habacuque afirmou com reverência: “Não és tu desde a eternidade, ó Senhor, meu Deus, ó meu Santo? [...] Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar” (Hc 1.12-13).
Os israelitas do Velho Testamento foram lembrados muitas vezes desse fato. No incidente do bezerro de ouro, mais de 3 mil pessoas perderam a vida por causa do pecado da nação (Êx 32.25-28). Por quê? Porque Deus é santo.

No caminho de Sinai para Cades-Barneia, o fogo de Deus consumiu muitos que o desagradaram com suas murmurações e reclamações (Nm 11.1-3). Por quê? Porque Deus é santo.

Pouco tempo depois, uma geração inteira foi condenada a morrer no deserto (Nm 14.26-35). Por que razão? Porque Deus é santo e não pôde ignorar seu pecado de incredulidade.

Quando 250 líderes da nação iniciaram uma revolta contra Moisés, a terra abriu sua boca e engoliu o cabeça do levante, enquanto os demais foram destruídos por fogo (Nm 16.1-35). Por quê? Porque Deus é santo.

Muitos anos depois, Deus revelou a Ezequiel por que era justo ele ter enviado a nação para o cativeiro. Numa visão, o homem de Deus foi transportado, não para o distrito de prostituição, não para as tabernas ou alguma sede do governo, mas para o templo em Jerusalém. Desde o átrio exterior até o Santíssimo Lugar, idolatria e sensualidade estavam por toda parte.

Deus disse para o profeta: “Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?” (Ez 8.6).

Quando Deus proclamou juízo sobre a nação apóstata, ele disse aos que foram encarregados de executar a sentença: “... começai pelo meu santuário” (Ez 9.6).

Talvez, Pedro estivesse se lembrando dessas palavras quando escreveu à igreja no Novo Testamento: “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada” (1 Pe 4.17).

Veja bem: Deus não está menos comprometido com santidade no Corpo de Cristo agora do que estava quando lidava com a nação de Israel. A palavra santo é usada nada menos do que 30 vezes no Velho Testamento, só para se referir ao tabernáculo em que a glória de Deus habitava. Cada peça dos móveis e utensílios teria de ser santa – purificada e consagrada para o uso de Deus. Os sacerdotes tinham de ser santos. Até suas roupas tinham de ser santas.

Quanto mais devemos nós ser santos, pois estamos sendo “juntamente... edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2.22). “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16).
Vamos considerar, resumidamente, cinco questões em relação ao nosso chamado para ser um templo santo para o Senhor.

Por que a Igreja deve ser santa?

Devemos ser santos porque somos a habitação de um Deus santo. Um templo que não é santo não é um lugar adequado para o nosso Deus.

Devemos ser santos porque fomos comprados e lavados por um Salvador santo. Não pertencemos a nós mesmos. Fomos comprados com o preço infinito do sangue e da vida dele.

Devemos ser santos porque fomos justificados com o objetivo de sermos santificados. Cristo “amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra...” (Ef 5.25-26).

Ser santo é nossa vocação. O propósito de Deus para a Igreja não é que ela tenha miríades de programas, grandes orçamentos nem que seja capaz de fazer as pessoas se sentirem bem. Seu propósito é tornar-nos santos.
Devemos ser santos, porque somos a Noiva de Cristo. Paulo escreveu à igreja carnal em Corinto: “Porque zelo [sentido original: tenho ciúme] por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Co 11.2).

Fomos comprometidos em casamento a um Cristo santo. Assim como o vestido branco da noiva representa a mulher que se guardou em castidade e pureza para seu noivo, nosso anseio é estar diante dele um dia vestidos de branco. Poder fazer isso nos trará incalculável alegria.

“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19.7,8). Nossa castidade como Noiva, comprometida a ele aqui na Terra, é motivada por nossa expectativa da gloriosa consumação do nosso amor por ele na eternidade.

O que significa ser santo?

Ser uma Noiva santa significa ser puro em todo o nosso ser. Sem dúvida, inclui ser irrepreensível em todas as questões que são visíveis aos outros: na conduta, na conversa, no modo de se vestir, nos hábitos e no estilo de vida.

A santidade é bem mais profunda, porém, do que aquilo que pode ser avaliado pelos homens. A verdadeira santidade é produzida no coração do cristão, pelo Espírito Santo que habita nele. Significa ser puro no interior, onde somente Deus consegue ver. Significa ter somente atitudes, valores, pensamentos e motivações que sejam santos. Ser santo é ser como Jesus: “… santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7.26). É ser sem mácula, sem fingimento, sem qualquer espécie de falsidade ou engano.

Infelizmente, a Igreja tem se avaliado de acordo com os padrões do mundo e tem se contentado em ser “relativamente” santa. Em outras palavras, em comparação com a sociedade em geral, consideramos que estamos razoavelmente bem. Entretanto, não existe santidade “relativa”. Não dá para ter só um determinado grau de santidade. Ou a Igreja é santa ou está contaminada.

Paulo queria que os coríntios fossem diligentes e exaustivos na eliminação de todo o fermento da igreja. Nas Escrituras, fermento geralmente é uma figura de pecado, de algo que contamina. “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (1 Co 5.6). Não se pode permitir que qualquer coisa impura venha macular a casa do Deus santo.

Como C. H. Spurgeon afirmou com tanta clareza: “Não temos necessidade alguma de temer excessiva rigidez na eliminação do pecado. Com o mesmo zelo do israelita que expurgava todo o fermento de sua casa [em preparação para a Páscoa], nós devemos nos livrar de todo pecado da nossa vida, conduta e conversa.”

Quais são as coisas que contaminam o Templo de Deus?

Podemos dizer, com toda propriedade, que qualquer desvio do caráter santo de Deus, qualquer violação de sua santa Palavra contamina o Corpo de Cristo. Porém, as Escrituras destacam vários pecados específicos que entristecem mais o Espírito de Deus.

No Velho Testamento, houve diversas ocasiões em que Deus julgou seu povo pelos pecados de idolatria, murmuração, descontentamento, cobiça, incredulidade e rebeldia contra autoridades designadas por Deus. Quer o pecado fosse cometido por um líder, um indivíduo ou pela congregação inteira, um preço elevado sempre era exigido quando se contaminava a nação à qual Deus confiara sua glória. “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa...” (1 Co 10.11).

O apóstolo Paulo escrevia frequentemente para as igrejas no Novo Testamento sobre diversos pecados que contaminavam o Corpo. Advertia-as para que eliminassem qualquer coisa que pudesse ofender um Deus santo e entristecer seu Espírito Santo.

Por exemplo, impureza doutrinária de toda espécie era perigosa e não podia ser tolerada. Paulo sabia que, em última análise, a doutrina determina a prática; doutrina falsa inevitavelmente resulta em práticas erradas. Ele ensinava que as pessoas encarregadas da liderança espiritual da igreja possuem uma imensa responsabilidade para proteger os cristãos de ensinamentos ou filosofias que não são bíblicas.

Paulo também tratou da questão de conduta inapropriada na igreja. Quer no exercício de dons espirituais, quer no papel de mulheres em cultos públicos ou, ainda, no caso de cristãos que se recusavam a trabalhar e ainda esperavam que a igreja suprisse suas necessidades materiais, o Corpo inteiro era afetado quando se deixava de seguir o padrão divino.

Em diversas ocasiões, Paulo expressava grande preocupação por causa de membros contenciosos que eram culpados de criar divisões no Corpo. Esses cismas eram, invariavelmente, uma evidência de orgulho. Ele repreendia aqueles que queriam fazer de suas preferências padrões absolutos, como também os que exaltavam meros homens acima do senhorio de Cristo, o Cabeça da Igreja. Aqueles que ameaçavam a unidade da Igreja estavam, na verdade, destruindo o Corpo que pertence ao próprio Cristo.

Paulo usava advertências especialmente severas quando se tratava de tolerar impureza moral na igreja. Ele ficou estarrecido ao tomar conhecimento que alguém que se dizia cristão, na igreja em Corinto, estava envolvido num relacionamento incestuoso. Porém, ao invés de confrontar diretamente a pessoa em pecado, Paulo repreendeu duramente a igreja por não ter tratado do assunto.

É bem provável que os crentes em Corinto tivessem adotado a filosofia tão prevalecente nas igrejas hoje: “Não é minha responsabilidade... Eu não sou a pessoa culpada... Tenho certeza de que ele não teria me ouvido se eu tivesse tentado dizer alguma coisa... Provavelmente seria melhor se outra pessoa conversasse com ele... Além do mais, realmente não é da minha conta...”

Com certeza, eles não estavam percebendo o quanto o Corpo inteiro estava sendo afetado pelo pecado de um membro não arrependido. Possivelmente, alguns estivessem até encobrindo algum pecado particular em sua própria vida, o que lhes tornava mais difícil confrontar o pecado de outra pessoa. Seja como for, estavam mantendo as atividades da igreja normalmente, como se não houvesse nada de anormal, inconscientes da infecção sutil que estava se alastrando no Corpo inteiro por causa do pecado não confessado de um homem. Era imperativo, insistia Paulo, que essa questão fosse tratada de maneira rápida e meticulosa.

Paulo enfatizou, muitas vezes, a necessidade de ter absoluta pureza moral na Igreja de Jesus Cristo, que entregou a própria vida para santificá-la. “Mas a prostituição e todo tipo de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionados entre vós, como convém a santos, nem haja indecências, nem conversas tolas, nem gracejos obscenos... Pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que eles [as pessoas não regeneradas] fazem às escondidas” (Ef 5.3-4,12). O que ele está dizendo? “Vocês são santos! Portanto, vivam como santos! Não permitam que pecado algum, por menor que seja, contamine o templo de Deus.”

Quais são as consequências da falta de santidade na Igreja?

Uma igreja que não é santa vai perder o senso da presença de Deus, e isso destrói sua capacidade de experimentar comunhão com ele. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). “Segui ...a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Um pregador de santidade, em outra época, lembrou seus ouvintes que “a comunhão do Céu não pode ser experimentada onde o fermento do inferno é tolerado”.

Uma igreja sem santidade é uma igreja impotente. O pecado que não for tratado como Deus exige privará a igreja do poder sobrenatural que o Espírito opera em seu favor. Na véspera da passagem pelo rio Jordão para entrar na Terra Prometida, Josué não convocou uma reunião do Conselho para determinar a melhor estratégia para chegar ao outro lado. Ele não programou uma apresentação de cantor popular para animar o povo para o desafio do dia seguinte. Nem mesmo chamou uma reunião de oração. Pelo contrário, exortou a todos: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). Somente a indisposição de abandonar todo pecado conhecido poderia limitar a poderosa mão de Deus.

Uma igreja sem santidade perde seu testemunho, sua marca característica no mundo. Quando Deus falou com Moisés que a nação rebelde teria de entrar na Terra Prometida sem a presença dele, Moisés protestou: “Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Êx 33.16).

Sem santidade genuína e prática, não podemos experimentar a presença manifesta e a glória de Deus no nosso meio. E sem a sua presença, não temos nenhuma diferença essencial de qualquer clube social ou instituição religiosa.

Jesus advertiu a igreja de Éfeso que havia se afastado do seu primeiro amor: “... e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5). A igreja que trocou valores eternos e celestiais pelas coisas deste mundo e que se recusa a arrepender-se do seu pecado contra o Senhor da igreja poderá ter sua luz apagada e não ser mais capaz de atrair as pessoas a Cristo.

A Palavra de Deus promete que haverá uma consequência especialmente severa para os indivíduos que forem responsáveis por contaminar sua igreja. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co 3.17).

Deus leva a sério a pureza do seu templo, e aqueles que ousam promover ou tolerar elementos de contaminação no Corpo de Cristo terão de pagar um alto preço por isso. Na verdade, a igreja inteira paga o preço quando não mantém santidade coletiva.

Como se pode manter a pureza no Corpo de Cristo?

Há responsabilidade pessoal e coletiva para a preservação da pureza da igreja.

Em 1 Coríntios 11, Paulo trata com a necessidade de cada cristão individual ser purificado de todo pecado conhecido. Primeiro, ele nos exorta a examinar a nós mesmos (v.28). Compare sua vida honesta e humildemente ao padrão imutável e absoluto das Escrituras e ao coração e vida de Jesus. Seja meticuloso. Não permita que um pecado sequer, por menor que seja, escape ao escrutínio da santidade de Deus e do holofote do seu Espírito.

Em seguida, Paulo nos instrui a julgar a nós mesmos (v.31). Concorde com Deus que todo pecado é um grande ato de rebeldia contra o Senhor do universo. Reconheça a seriedade de cada pensamento, palavra ou ação impura. E seja rápido para arrepender-se do pecado, colocando-o debaixo do sangue de Cristo e renunciando e abandonando-o totalmente.

Entretanto, não é suficiente tratar somente com os pecados pessoais. Carregamos, também, uma enorme responsabilidade de ajudar a preservar a santidade na igreja. Somos todos membros de um Corpo. Quando um membro peca, todos carregamos o fardo e a vergonha do seu fracasso. Não podemos ignorar aqueles que violam o padrão da justiça de Deus. Por outro lado, não devemos atacar e destruir as pessoas que estão caídas. O que devemos fazer, então? Paulo nos dá a resposta.

Primeiro, devemos restaurar o irmão que ofendeu, usando os passos bíblicos de disciplina. Esse processo requer que repreendamos ou corrijamos o irmão com amor e humildade (Gl 6.1; Mt 18.15). Isso significa que devemos mostrar à pessoa como sua conduta não atinge o padrão da santidade de Deus e da sua Palavra.
Se necessário, outras pessoas podem ser chamadas para confrontá-lo como grupo. E, como recurso final, pode ser que ele tenha de ser levado diante de toda a congregação.

Indiferente do que for necessário em cada situação, o importante é lembrar sempre que o objetivo não é punir o ofensor, mas restaurá-lo à obediência e manter a santidade no Corpo. Por meio da oração, em resposta a uma repreensão sábia, feita em amor, os olhos dele poderão ser abertos, levando-o ao verdadeiro arrependimento.

Quando isso acontece, mesmo que haja necessidade de um período de restauração, e ainda que seu ministério futuro possa ser limitado (dependendo na natureza do pecado), o Corpo terá todo o prazer em “perdoar-lhe e confortá-lo” e em “confirmar para com ele” o seu amor (2 Co 2.7-8). Em outras palavras, o Corpo deve continuar provando seu amor para ele, caminhando ao seu lado por todo o processo até chegar à completa restauração.

E o que acontece se o ofensor não se arrepende quando é corrigido? É nesse ponto que a igreja, muitas vezes, se omite em relação às instruções da Palavra de Deus, trazendo consequências trágicas para o Corpo inteiro. Quando escreveu à igreja em Corinto sobre o homem incestuoso, Paulo deixou claro que o membro do Corpo que não se dispõe a arrepender-se e a abandonar o pecado deve ser removido da comunhão, para não contaminar a igreja (1 Co 5.7,13). Não se pode permitir que ele continue a desfrutar dos benefícios e privilégios da comunhão com o povo de Deus.

Por mais que isso pareça severo ou exagerado a alguns, Paulo mostrou que tal atitude é a que mais beneficia, na verdade, tanto o pecador, que pode ser motivado a arrepender-se, quanto da igreja, que será preservada de contaminação espiritual.

De modo geral, a igreja das últimas décadas não se tem mostrado disposta a assumir responsabilidade por tratar com o pecado no meio dela. O caminho mais fácil é simplesmente deixar essas coisas de lado. Envolver-se no processo de disciplina e restauração requer tempo, esforço e energia. Requer que tenhamos disposição de abandonar todo pecado conhecido na nossa própria vida. Geralmente, esse não é o caminho mais fácil nem o mais conveniente. Porém, é o caminho do verdadeiro amor. É o caminho da santidade. É o caminho de Deus.

Alguns gostam de se apegar ao texto: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1), como desculpa para deixar de se envolver na restauração de irmãos caídos. Mas a Palavra de Deus ensina claramente que devemos julgar “os de dentro” (1 Co 5.12), ou seja, os que fazem parte do Corpo de Cristo. Pureza na igreja é a responsabilidade de todo cristão. “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (v.13). “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa” (v.7).

Em seu poderoso sermão sobre esse texto, C. H. Spurgeon conclamou a Igreja de Jesus Cristo a fazer tudo o que fosse necessário para preservar a pureza:
Quando se toleram impurezas na igreja, logo as pessoas começam a dar desculpas pelo pecado, depois a liberá-lo plenamente e, finalmente, a permitir que se introduzam outros pecados ainda piores. O pecado é como uma embalagem de mercadorias que chegou do Oriente a esta cidade, em tempos antigos, trazendo no seu conteúdo a peste. Provavelmente, era uma embalagem pequena, mas trazia contaminação letal e morte para centenas de habitantes em Londres. Um pequeno trapo, naquela época, podia levar infecção a uma cidade inteira.

Da mesma forma, se você permite, conscientemente, que um pecado continue dentro da igreja, ninguém conseguirá avaliar a extensão final do dano a ser causado por aquele mal. A igreja, portanto, precisa ser purificada de todo o mal, com a máxima diligência possível. Qualquer elemento azedo ou corrompido, qualquer coisa abominada por Deus precisa ser expurgada. É responsabilidade do ministro cristão e de todos os seus colaboradores manter a igreja livre de todo e qualquer elemento de contaminação.

Nada menos que isso é digno do nosso Pai Santo, cuja glória enche os céus e a terra. Nada menos que isso é digno do nosso Salvador Santo, que derramou seu sangue para redimir-nos do pecado. Nada menos que isso é digno do Santo Espírito, de quem somos templo.

Portanto, tenhamos empenho em nos arrumar para o casamento com o Cordeiro, a fim de podermos estar “vestidos de linho finíssimo, resplandecente e puro” (Ap 19.8) e de sermos apresentados a ele como “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27).
Publicado originalmente por Life Action Ministries. Usado com permissão.
por Del Fehsenfeld, Jr.